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Dono doa parte do Mormaii e fica mais rico!
27 de setembro de 2015
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Foto: arquivo pessoal|Foto: JornaldeHoje
Foto: arquivo pessoal|Foto: JornaldeHoje

Dividir para multiplicar. Esse é lema do dono da Mormaii, a maior marca de surfe do Brasil, que deve vender R$ 600 milhões neste ano.

Ele vem doando partes da companhia para funcionários e pessoas de sua confiança e essa “generosidade” tem feito dele um homem mais rico. E não se trata de riqueza espiritual. É dinheiro, mesmo.

O fundador, Marco Aurélio Raymundo, conhecido como Morongo – apelido de infância por causa de pintinhas no rosto, semelhantes às existentes no morango – começou a dividir o bolo há 3 anos.

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Primeiro ele doou a fábrica de roupas de neoprene, aquelas que os surfistas usam no inverno, coladas ao corpo.

A confecção vendia R$ 10,5 milhões e dava prejuízo. Os processos estavam desorganizados.

Como a primeira tentativa de doá-la a funcionários não deu certo, Morongo doou a Carlos Casagrande, de 38 anos, um galego de Criciúma, que detinha as licenças para fabricar protetores solares e aparelhos ortopédicos com a marca Mormaii.

Em troca,  Casagrande se comprometeu a organizar a empresa e aumentar a produção.

No fim de 2014, dois anos e meio após a mudança, o negócio vendia R$ 24,5 milhões e dava lucro. Nos últimos 12 meses de crise brasileira, o faturamento saltou 22%.

Com isso Morongo ganhou porque a Mormaii está vendendo muito mais roupas de borracha e ele lucra mais com os royalties da marca”.

Royalties
Os royalties são o grande negócio atual da empresa.

Em Garopaba, SC, onde fica a fábrica da Mormaii, a única coisa que se fabrica são as roupas de borracha, sob a batuta de Casagrande – que combinou pagar somente o estoque de matéria-prima recebido na doação, e “conforme fosse possível”.

Todos os outros 2,5 mil itens que levam o logotipo da Mormaii – de skates a guarda-sóis, de bolsas a capacetes – são produzidos por 46 fabricantes.

Elas pagam, em média, 6,5% do valor das vendas para Morongo.

Os artigos com os quais mais lucra são, pela ordem, chinelos (feitos por Grandene e Amazonas), relógios (Technos), óculos (JR-Adamver), bicicletas (Free Action) e roupas (Incobras).

Seu maior ativo é a marca. E os contratos de licenciamento que ela atrai.

Dividir e ganhar mais

Assim como abriu mão da fábrica, Morongo tem doado outras partes da empresa.

O departamento de marketing, que produzia material publicitário para os produtos licenciados, foi desmembrado e resultou na criação da agência MXM, dada a dois funcionários antigos.

A área que administra as franquias – a marca deve terminar o ano com 40 lojas – originou a A33, também entregue a um parceiro.

O e-commerce foi cedido à funcionária que insistiu em sua criação. Até o setor de licenciamento, que gera os royalties sobre a marca, ele pensa em repartir no futuro.

Os planos incluem deixar uma parte para a comunidade também.

Cada vez que cedeu um pedaço da empresa, sempre para pessoas em cuja capacidade de gestão Morongo confiava, a área melhorou.

A estratégia fez com que mais produtos Mormaii fossem vendidos, gerando mais royalties para ele.

A venda total de peças subiu de R$ 520 milhões em 2013 para R$ 575 milhões em 2014. Ela deve chegar a R$ 600 milhões neste ano.

História

Morongo era um adolescente hiponga que viajava de carona pela Patagônia argentina.

Mergulhador, ele praticava o esporte na Península Valdés, famoso santuário de baleias, vestindo as grossas roupas impermeáveis da época, quando notou que a gola do traje era feita de um material mais fino e maleável.

Foi assim que conheceu o material (ou policloropreno, já que o nome neoprene é uma marca registrada da Dupont).

Anos mais tarde, ele se formou em medicina em Porto Alegre e decidiu se mudar para Garopaba.

Nos anos 80 quando a empresa começou, Garopaba era uma cidade pobre. Não tinha médico, água encanada, nem energia elétrica.

Lá começou a costurar roupas com o material, as pessoas fizeram pedidos, ele achou que ajudaria mais a cidade como empresário do que como médico e criou a marca, que hoje é vendida em 20 países.

Progresso

Depois da Mormaii, Garopaba tem um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH, que combina dados sobre expectativa de vida, educação e saúde) considerado alto, de 0,753, acima da média do país, de 0,744.

As casas lembram subúrbios americanos, com jardins abertos, sem cercas e com acabamento de boa qualidade.

Com menos de 20 mil habitantes, tem um clube de tênis moderno, bistrôs, restaurantes à beira-mar e grandes empresários que moram na cidade, pela qualidade de vida e durante a semana vão trabalhar em São Paulo.

Curtir a vida

Morongo hoje é proprietário de três helicópteros, casas em praias paradisíacas, um barco de 45 pés (que, no momento, viaja pelo Taiti) e está construindo um novo, de 70 pés.

Quinze anos atrás, ele ainda morava em uma casinha de costaneira, aquela beirada dos troncos de árvore que normalmente vira descarte na areia da praia.

As extravagâncias materiais de hoje estão, basicamente, ligadas ao surfe. Aos 66 anos ele segue praticando em plena forma.

Mas talvez a maior vantagem do “dividir para multiplicar” nem seja o dinheiro, e sim o tempo livre que o empresário passou a ter.

Ele dá palpites no marketing, no desenvolvimento dos produtos e passa dois meses fora, surfando.

Com informações da Época

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