Um artesão cego faz esculturas “enxergando com as mãos”, como diz.
Zulmar Antônio Silva, de 61 anos, nasceu em Patos de Minas, MG e foi para Brasília ainda menino.
Entre obras, gravatas e a secura do cerrado, Zulmar engraxou sapatos, vendeu picolés, vendia jornal e garrafas, foi servente e pedreiro, fez de tudo que um menino tinha que fazer para ajudar os pais.
Ele começou a fazer esculturas com 12 anos. Depois o artesão começou a fabricar móveis com madeiras recicladas.
Zulmar pegava carroceria de caminhão e fazia delas mesas e armários. Na época, Zulmar chegou a comprar um caminhão, onde fabricava os móveis.
Mas a retinose pigmentar fez com que perdesse a visão após os 50 anos.
As esculturas
Hoje mesmo sem enxergar, Zulmar faz mesas, armários, bancos, restaura móveis e faz esculturas. Ele trabalha no Jardim Botânico, em Brasília.
O artesão conta que “enxerga através da brisa da serra, que passa perto das suas mãos”, mas garante que nunca se machucou.
As mãos também são os olhos dele na hora do acabamento.
“Eu passo a mão, vejo onde tem imperfeição. Procuro restaurar ali. Quando as pessoas veem o trabalho pronto, a maioria não acredita que fui eu que fiz, por conta da minha deficiência.”
Por falta de apoio e pela dificuldade visual, Zulmar não faz anúncio de seu trabalho. Ele se considera um artesão escondido por não ter acesso à internet.
Mas isso não o abala. O artesão se diz feliz:
“O artesanato é alegria”, garante.
Assista parte da entrevista dele ao Uniceub:
Com informações do Uniceub