Médicos brasileiros estão testando, com sucesso, pele de tilápia – um peixe de água doce comum no Brasil – para tratar pacientes com queimaduras de segundo e terceiro graus.
A pele do peixe, que até agora ia para o lixo, está sendo esterilizada e usada como uma bandagem, um curativo “natural”. (vídeo abaixo)
Uma das vantagens é que ela cura mais rápido as feridas. E também evita a dor da remoção do curativo comum, já que não precisa ser substituída todo dia.
Para queimaduras profundas de segundo grau, as ataduras de tilápias devem ser trocadas algumas vezes ao longo de várias semanas de tratamento, mas ainda com muito menos freqüência do que a gaze com creme.
O tratamento com a pele do peixe reduz ainda o uso de remédios para dor, disse o responsável pela pesquisa, Edmar Maciel, cirurgião plástico especialista em queimaduras.
Ele trabalha na unidade de queimados do Instituto José Frota, em Fortaleza, no Ceará, mas as pesquisas – que começaram há 3 anos – reúnem pesquisadores também de Pernambuco e Goiás.
Por que tilápia?
“Tivemos uma grande surpresa quando vimos que a quantidade de proteínas de colágeno, tipos 1 e 3, que são muito importantes para a cicatrização, existem em grandes quantidades na pele de tilápia, ainda mais do que na pele humana e outras peles”, disse Maciel.
“Outro fator que descobrimos é que a resistência na pele de tilápia é muito maior do que na pele humana. Também a quantidade de umidade. ”
Como
Em pacientes com queimaduras superficiais de segundo grau, os médicos aplicam a pele do peixe sobre a região queimada e lá ela fica até que cicatrize naturalmente.
O pescador Antônio dos Santos está testando a pele de tilápia. Ele sofreu queimaduras no braço depois da explosão de um botijão de gás.
“Depois que eles colocaram a pele de tilápia, realmente aliviou a dor”, disse ele. “Eu achei interessante que algo assim pudesse funcionar.”
Antonio estranhou a aparência no início “parece um mutante’, mas topou na hora..
Esterilização
Mas não pode tirar a pele do peixe e aplicar diretamente na pela humana queimada.
Ela passa por vários processos de esterilização antes de ser usada como curativo, a ponto de perder até o cheiro de peixe.
Técnicos de laboratório usam vários agentes esterilizantes, depois enviam as peles para receberem doses de radiação em São Paulo para matar vírus.
Só depois disso elas são embalar e refrigeradas para uso clínico.
Uma vez limpas e tratadas, as peles podem durar até dois anos.
Os lotes iniciais de pele de tilápia foram estudados e preparados por uma equipe de pesquisadores da Universidade Federal do Ceará.
O estudo deve ser concluído em 2018 com a participação de 100 voluntários.
Assista:
Com informações do StatNews