Todos podemos ajudar alguém. Cada um usando as ferramentas que possui.
No caso do fotógrafo Sebastião Salgado, aconteceu durante o trabalho, quando ele foi visitar uma tribo descendente dos incas que vive na Floresta Amazônica, em Marechal Thaumaturgo, a 559 km de Rio Branco, no Acre.
Lá Sebastião conheceu Marinaldo Tirotsi Ashaninka, um indígena que foi picado em um dos pés por uma cobra, quando tinha 9 anos de idade.
Ele conviveu durante 30 anos com dores fortes, provocadas pelo avanço de uma necrose e acabou amputando os dedos e depois o pé, em novembro de 2015.
O fotógrafo Serbastião Salgado passou um tempo na aldeia e se comoveu com o caso do índio.
Ele relatou a história à Foundation House of Indians, que há 15 anos trabalha diretamente com a cultura dos povos da Floresta Amazônica, e a entidade procurou um parceiro para doar a prótese ao índio.
O fotógrafo também doou 50 livros para ajudar no custeio da viagem do paciente até uma empresa, no interior de São Paulo, especializada em recuperação ortopédica.
A prótese
O sócio proprietário da empresa de Sorocaba, Nelson Nolé Filho, fez uma pesquisa sobre a comunidade Ashaninka Apiwyxa para escolher o material mais adequado para a prótese e preparou duas diferentes.
“Uma mecânica para ele usar para caçar e pescar com um material mais pesado e mais resistente. Esse produto veio da Finlândia e é uma fibra de carbono impermeabilizante que não mofa. E uma outra protése mais leve, para ele andar no dia a dia, que vai lhe dar mais mobilidade”, disse Nelson ao G1.
Cada prótese tem um custo estimado de R$ 50 mil, segundo o Nolé.
“Essa será a primeira vez que fazemos uma prótese para um índio, ainda mais que vai voltar a morar na aldeia, no meio da Floresta Amazônia”, afirma o proprietário da empresa.
Vida nova
O índio, que sofreu discriminação na tribo desde que amputou os dedos, contou que a possibilidade de voltar a andar de novo acabou dando outro sentido para vida dele.
“Na minha aldeia ninguém nunca usou, somos em mais de 900 pessoas lá e ninguém nem sabia que isso existia”.
“A prótese vai me ajudar a voltar a caçar, pescar, ajudar minha família. Até jogar bola vou tentar voltar a jogar, porque lá na minha tribo o pessoal gosta de jogar para se divertir. Vamos ver se eu vou conseguir fazer isso agora”, diz.
Primeiros passos
Na primeira vez que conseguiu ficar de pé com a prótese e dar os primeiros passos – ainda no setor de fisioterapia da empresa de próteses -, a alegria do indígena contagiou o ambiente.
“Antes eu estava sofrendo na minha tribo, não podia trabalhar, ajudar minha família. Agora eu voltar para lá e poder trabalhar. Eu estou feliz, estou conseguindo andar, estou satisfeito e animado para voltar a ser como eu era antes da amputação”.
Com informações do G1