Adriana Queiroz, de 38 anos, comemora sua bela história de superação com cinco pós-graduações, um livro e um admirável cargo de juíza. Mas sem esquecer do esfregão que era obrigada a usar quando era faxineira.
A magistrada teve infância pobre, passou por desafios que colocaram à prova seus sonhos, mas também encontrou gente boa que a ajudou até a aprovação no concurso público para juíza.
Adriana é natural da Bahia. Os pais dela deixaram a zona rural de Guanambi, no sertão baiano e se mudaram com os seis filhos para Tupã, no interior de São Paulo, em busca de melhores condições de vida.
Durante o ensino médio – todo cursado em colégio público – ela começou a alimentar o sonho de fazer direito.
Com 18 anos, a jovem passou no vestibular em uma universidade particular, mas para pagar os estudos teve que trabalhar como faxineira na Santa Casa de Tupã.
O dinheiro que recebia não dava para manter os estudos e os pais não tinham condições de ajudar.
Em vez de aceitar calada, ela arregaçou as mangas e foi até a faculdade de direito pedir uma bolsa ao diretor do curso. Conseguiu!
“Fui até faculdade e procurei o diretor do curso de direito. Falei dos meus sonhos e que não poderia deixar passar aquela oportunidade. Vendo o meu empenho, ele me concedeu uma bolsa de 50% nas mensalidades e ainda parcelou a matrícula, o que possibilitou eu fazer o curso”, contou a juíza ao G1.
Durante o dia, Adriana era responsável pela limpeza do chão e dos banheiros da unidade de saúde, depois, à noite, ia para a universidade.
Após seis meses, a jovem foi promovida e passou a atuar em um cargo administrativo do hospital, que ocupou até se formar em direito.
Nova meta
Ao se formar, a jovem bacharel focou na nova meta: chegar à função de juíza.
Decidida, ela pediu demissão do hospital, pegou o dinheiro da recisão e se mudou sozinha para São Paulo.
O dinheiro, segundo ela, cobria apenas aluguel por dois meses em um pensionato.
Adriana buscava um emprego para pagar as despesas próprias e de um curso preparatório para a carreira jurídica, no serviço público.
Mas ela não conseguiu trabalho e o dinheiro que tinha estava acabando.
“Vi meu sonho ruindo, mas busquei ajuda com o diretor do curso e fui atendida. Ele acreditou em mim e me ofereceu um trabalho como auxiliar de biblioteca, além de bolsa integral”, lembra.
Um ano depois, quando terminou o curso preparatório, ela seguiu trabalhando no local e estudou por conta própria durante sete anos, inclusive nos finais de semana e feriados.
A recompensa foi a aprovação no concurso. Hoje ela é juíza titular da 1ª Vara Cível e da Vara de Infância e da Juventude de Qurinópolis, em Goiás.
Adriana é a única dos irmãos a se formar em um curso superior.
Ela se casou há dois anos e planeja, futuramente, realizar mais um sonho: ter filhos.
Livro para inspirar
Aos 38 anos, Adriana lançou neste sábado (29), o livro “Dez passos para alcançar seus sonhos – A história real da ex-faxineira que se tornou juíza de direito”, em Goiânia.
Na obra, ela conta sua trajetória desde o seu primeiro trabalho, como faxineira, até chegar à magistratura, na qual atua desde 2011, em Quirinópolis, na região sul de Goiás.
“Quando tomei posse, em 2011, muitas pessoas me procuraram pedindo dicas sobre como conseguir o que se almeja. Ali surgiu a vontade de escrever um livro mostrando que não é fácil, mas é possível”.
Ela conta que o livro é para inspirar.
“Quando me tranquilizei na carreira, comecei a escrever para levar essa mensagem e incentivar as pessoas, mostrando que é possível concretizar os sonhos desde que haja empenho”, disse.
Com informações do G1