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Fliperama ajuda jovem autista: é campeão mundial
1 de junho de 2017
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Foto: reprodução / BBC|||
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O fliperama transformou a vida de um jovem autista, que tem dificuldade para abraçar as pessoas, em um campeão.

Robert Gagno tem 27 anos e compete em torneios de fliperama desde os 19. Hoje é o principal jogador do Canadá e está entre os dez melhores do mundo.

Eles e seu pai, Maurizio – uma espécie de técnico – participam de torneios na Europa, no Canadá e nos EUA.

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O prêmio mais cobiçado é Campeonato Mundial de Fliperama da Associação Profissional e Amadora de Pinball (Papa, na sigla em inglês), realizado na Pensilvânia, de onde sai o campeão mundial.

Robert tentou a sorte no ano passado e surpreendeu. Bateu o favorito, Zac Sharp, na máquina Flash Gordon, um fliperama antigo e notadamente difícil.

O canadense levou o troféu de campeão mundial nas mãos, sob o olhar marejado de seu pai. (foto abaixo)

“Fiquei tão feliz e orgulhoso de vencer o Papa”, conta Robert. “Adoro provar às pessoas que elas estavam erradas quanto a mim.”

Melhora

Ele acha que o autismo melhorou suas habilidades no jogo.

“Acho que consigo focar em uma única coisa por um bom tempo e tenho uma forte memória visual. Então só preciso jogar uma vez em uma máquina para me lembrar (dela). Também consigo perceber várias coisas acontecendo ao mesmo tempo e rapidamente calculo para onde a bola deve ir.”

E Robert faz sucesso quando joga fliperama na galeria perto de sua casa, nas redondezas de Vancouver, geralmente uma multidão se reúne para assistir.

Ele tem tanto controle do jogo que é capaz de fazer com que cada bolinha permaneça “viva” por até uma hora.

O jovem frequentemente quebra recordes, deixando suas iniciais – REG, de Robert Emilio Gagno – no ranking de vencedores.

“Se estou jogando por diversão, consigo repetir tiros certeiros sem parar e, ao mesmo tempo, descobrir quais são os movimentos que recebem o maior número de pontos”, revela o jovem.

Ele se debruça quase que horizontalmente sobre a máquina de fliperama, movimentando a bola cuidadosamente sobre os flippers (as duas alavancas usadas para impedir que as bolas caiam na caçapa), antes de atirá-la para o campo de jogo, enquanto o brilho das luzes explodindo dos bumpers (os obstáculos em forma de cogumelo) se reflete em seus óculos.

Robert diz que foi essa combinação de luzes e sons que primeiro o atraíram para o jogo.

Foto: reprodução / BBC
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História

“Quando ele tinha cinco anos, uma vez eu o levei para comer um hambúrguer”, conta o pai, Maurizio. “Havia uma máquina de fliperama no canto (da lanchonete) e ele ficou mais interessado nela do que na comida. Minha mulher, Kathy, e eu percebemos que poderíamos sentar e relaxar um pouco enquanto Robert jogava.”

Kathy, a mãe, percebeu que seu filho era “diferente” logo cedo. Ele era fascinado por avisos de “saída” dos lugares, gostava de girar em círculo e gritava durante encontros com outros pais e crianças.

“A palavra ‘autismo’ foi mencionada pela primeira vez quando Robert tinha três anos”, diz Kathy.

“Não era algo conhecido naquela época. Os livros que encontrava na biblioteca diziam que era um problema ligado a deficiências na educação dada pelos pais, o que não fazia sentido para mim.”

Robert levou mais tempo do que a média para aprender a falar, e suas palavras saíam todas fora de ordem. Ele ficava frustrado por não conseguir se fazer compreender – e lembra de se sentir deslocado.

“Ele era um menino doce e engraçado, mas exigia muita supervisão. Sempre falávamos abertamente de suas dificuldades às outras crianças, explicando a elas que ‘às vezes pode não parecer, mas ele está muito contente por brincar perto de vocês'”, conta Kathy.

Foto: reprodução / BBC
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Fliperama

O fliperama era um refúgio em um mundo tumultuado para Robert. Seus pais lhe compraram uma máquina própria, chamada Whirlwind, quando ele tinha dez anos de idade. Ele chegava a passar horas e horas do dia tentando melhorar sua pontuação.

Hoje, a família guarda uma dúzia dessas máquinas em sua garagem em Burnaby, perto de Vancouver.

À medida que a habilidade de Robert crescia, sua autoconfiança melhorava. Ele passou a jogar em lugares abertos, como boliches e salões de jogos.

“(O jogo) ajudou-o com coisas como saber quando era a vez dele de falar, ter espírito esportivo, conversar com os outros e isso certamente impulsionou sua autoestima”, conta a mãe.

E, além disso, deu-lhe a oportunidade de fazer novos amigos.

“Gosto de jogar com outras pessoas em torneios. Há bons jogadores em Vancouver, e é divertido tentar superar os recordes uns dos outros, ou ensinar truques a outros jogadores”, diz Robert.

Dificuldades

Mas a condição também traz desvantagens. Robert tem dificuldade em identificar certas “pistas” sociais, como o melhor momento em dar um abraço num amigo.

“Acho difícil entender quando falar e quando não falar, ou decidir qual a melhor forma e momento de cumprimentar pessoas”, comenta.

Ele também sofre para escolher “as palavras certas” para cada situação. Em um documentário sobre ele, chamado Wizard Mode, ele é questionado sobre o que gostaria que um empregador soubesse a seu respeito. “Que sou afetuoso”, responde. Ao que sua mãe agrega: “Acho que você quer dizer que é amigável e consegue se relacionar com as pessoas”.

Palestras

Hoje seu foco é em se tornar mais independente.

Ele trabalha duas manhãs por semana em um banco e, à noite, cursa programação de computador.

Robert também já deu palestras sobre sua carreira no fliperama.

Ele ainda vive com seus pais, mas sonha em morar sozinho.

“Também gostaria de ter uma namorada e me casar algum dia”, conta.

Com informações da BBC

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