Médicos anunciaram na conferência da IAS, Sociedade Internacional de Aids, em Paris o caso de uma menina de 9 anos, que nasceu com HIV está praticamente livre da doença.
Ela é agora o terceiro caso em que uma criança conseguiu uma remissão duradoura e conseguiu manter o vírus suprimido por mais de dois anos, sem medicamentos contra o HIV.
A garota é sul-africana e contraiu o vírus da sua mãe, por volta da época de seu nascimento.
Ela recebeu tratamento logo após o parto, mas está há oito anos e meio sem nenhuma medicação.
De acordo com os médicos sul-africanos que realizaram o ensaio clínico do qual ela participou, isso é mais uma evidência de que o tratamento precoce pode, ocasionalmente, causar uma longa remissão que, se durar, seria uma forma de cura.
“Para nosso conhecimento, este é o primeiro caso sustentado de controle virológico de um ensaio clínico aleatório de interrupção de medicamentos após o tratamento precoce de bebês”, informou um resumo da pesquisa apresentada nesta segunda-feira, 24, durante a conferência na França.
A maioria dos pacientes apresenta um aumento da quantidade do vírus circulando no corpo quando param o tratamento, mas com a menina foi diferente, disseram os pesquisadores.
“Isso (o caso da menina) aumenta uma interessante noção de que o tratamento não precisa ser feito durante toda a vida. No entanto, é claramente um fenômeno raro”, acrescentou.
História
A criança sul-africana foi parte de um ensaio clínico no qual os pesquisadores investigaram o efeito de tratar bebês soro positivos em suas primeiras semanas de vida e, então, parar a medicação retroviral enquanto verificavam se o HIV estava sendo controlado.
O tratamento da menina, que contraiu HIV de sua mãe, começou com antirretrovirais quando ela tinha quase nove semanas de idade e foi interrompido na 40ª semana de vida, momento em que o vírus foi suprimido.
A partir de então, a criança foi regularmente monitorada para qualquer sinal de recaída.
“Aos 9 anos e meio, a criança estava clinicamente assintomática”, disseram os pesquisadores.
Cautela
Apesar do bom resultado, há especialistas que pedem cautela, explicando que se trata de um caso raro, e não implica que a cura tenha sido alcançada — apenas que a possibilidade esteja tornando-se mais próxima.
Ainda assim, o feito serve de esperança para os 37 milhões de pessoas em todo mundo infectadas com o vírus da Aids, segundo o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre o HIV/Aids (Unaids).
“É um caso que levanta mais questões do que necessariamente respostas”, disse Linda-Gail Bekker, presidente da IAS.
Ainda de acordo com o Unaids, aproximadamente 19,5 milhões das pessoas infectadas com o vírus da Aids estão sob tratamento.
Esses pacientes normalmente precisam tomar medicamentos antirretrovirais por toda a vida para manter a Aids à distância.
Com informações do Extra