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Pare de enxergar só o que vai mal. Veja o que dá certo, ensina PHD em felicidade
30 de julho de 2017
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Foto: Pixabay|
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Você já ouviu falar na psicologia positiva? Ela propõe uma mudança de foco: parar de enxergar só o que vai mal e ver o que dá certo, sem defender que os erros e os pontos fracos sejam ignorados.

A psicologia positiva propõe que a gente observe o quadro completo da realidade. E quem defende essa linha de pensamento é o professor Tal Ben-Shahar (foto abaixo), conhecido por dar as aulas mais concorridas da Universidade Harvard: os chamados cursos de felicidade.

O israelense ensina aos alunos como serem felizes e mais realizados, que é exatamente o foco do SóNotíciaBoa, por isso fomos atrás de algumas entrevistas dadas por Tal Ben-Shahar nos últimos anos, para compreender melhor o trabalho dele e a receita que ele tem para a felicidade.

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Fuja do pessimismo 

Escritor, conferencista e antigo professor de Psicologia Positiva e Psicologia da Liderança, em Harvard, Shahar explica que é preciso afastar o pessimismo. Ele acredita que o excesso de noticia ruim distorce a realidade humana.

“Histori­camente, o pessimismo era uma vantagem evolutiva, porque havia mui­tos perigos e tínhamos de estar sempre a olhar para trás para sobreviver. Mantemos a estrutura mental e a he­rança genética dos nossos primitivos antepassados, que é pessimista, preocupada e ansiosa. Por outro lado, as coisas negativas são a exceção e por isso são essas que chegam às pri­meiras páginas dos jornais – terrorismo, acidentes, guerras, ódios, mortes – enquanto todas as coisas boas que acontecem todos os dias, em todo o mundo, a toda a hora, não são notícia. E isso distorce a realidade”.

Ele explica por que algumas pessoas são felizes mesmo tendo pouco, e outras ricas não são.

“Porque, garantidas as necessida­des básicas – comida, casa, saúde, educação –, a felicidade depende da forma como olhamos o mundo e do nosso estado de espírito e não do es­tado da nossa conta bancária. Mas dinheiro não contribui para a felicidade, o que contribui é estar com as pessoas que amamos e que nos amam, os amigos e a família, fazer exercício físico regular, expressar gratidão pe­lo que temos e não tomarmos as coi­sas, e as pessoas, por garantidas. O problema é que cada vez mais pes­soas procuram a felicidade no lugar errado”.

Amigos e famíla

“O que realmente interfere na felicidade é o tempo que passamos com pessoas que são importantes para nós, como amigos e familiares — mas só se você estiver por inteiro: não adianta ficar no celular quando se encontrar com quem você ama. Hoje, muita gente prioriza o trabalho em vez dos relacionamentos, e isso aumenta a infelicidade”, alerta.

E para ser feliz, é importante ter amigos, boas relações, o que é difícil nesses tempos de internet e redes sociais.

“Mil amigos no Fa­cebook não substituem um melhor amigo real e infelizmente as amiza­des estão a desfazer-se à medida que as relações entre as pessoas se es­tabelecem online. Os estudos dizem que os amigos e as relações são um elemento essencial da felicidade. Te­mos de tornar uma prioridade das nossas vidas a criação de relações reais, cara a cara”.

Aceite-se

O professor concorda que não se deve buscar felicidade, mas o equilíbrio, porque ninguém pode ser feliz sempre. 

“Concordo. A primeira lição que dou na minha aula é que nós precisamos nos conceder a permissão de sermos seres humanos. Isso significa vivenciar emoções dolorosas, como raiva, tristeza e decepção. Temos dificuldade de aceitar que todo mundo sente essas emoções às vezes. Não aceitar isso leva à frustração e à infelicidade”.

Shahar explica que a resiliência é um dos aspetos mais importantes para uma vida feliz. E ensina como se treina:

“A resiliência é como um músculo e, paradoxalmente, a melhor forma de lidar com a adversidade é sofrê-la. Para fortalecer os músculos, tem que os exercitar, pondo-os sob ten­são. Para ganhar força psicológica, se quer cultivar a resiliência duradou­ra, tem de pôr as pessoas perante dificuldades. Por isso, quando falo com pais, sublinho a importância de não protegerem demasiado os filhos e de lhes colocarem dificuldades e contrariedades, para que aprendam a lidar com elas. É muito importante que as crianças aprendam a lidar com os fa­lhanços e ganhem tolerância à frus­tração. Isto é fundamental para a resi­liência e a felicidade ao longo da vida”.

Equilíbrio

O professor Tal Ben-Shahar, que iniciou seu curso em psicologia positiva porque era uma pessoa triste, hoje diz que é feliz.

“Eu me considero mais feliz hoje do que há 20 anos e creio que serei ainda mais feliz daqui a cinco anos. A felicidade não é estática. É um processo que termina apenas com a morte”.

Ele lembra que é importante encontrar o equilíbrio entre as horas trabalhadas e o tempo para a vida particular.

“Procuro desfrutar de coisas fora do mundo do trabalho: passar tempo com minha família, com meus amigos e encontrar um espaço na agenda para a ioga. Tudo com moderação”, conclui.

O professor Tal Ben-Shahar - Foto: divulgação
Professor Tal Ben-Shahar – Foto: divulgação

Por Rinaldo de Oliveira, da redação do SóNotíciaBoa – com informações da Exame e NotíciasMagazine

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