Alunos da Universidade Estadual da Paraíba – UEPB – que criaram um sistema barato que transforma água suja em potável, ganharam o Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social 2017.
Eles criaram um dessalinizador de baixo custo com capacidade para produzir água potável, sem uso de eletricidade, de elementos filtrantes e livre de produtos químicos. (vídeo abaixo ensina como se faz)
O sistema, que custa menos de R$ 1 mil, tem sido alternativa para famílias do semiárido paraibano enfrentarem as longas estiagens.
“Atendemos comunidades em que os moradores eram obrigados a consumirem água de poços artesianos com elevado nível de contaminação biológica e química (sais) e que traziam consequentes danos à saúde, ou eram obrigados a caminhar por horas para ter acesso a água potável”
A afirmação é de Francisco Loureiro, professor da UEPB e coordenador da tecnologia.
O dessalinizador foi produzido a partir de uma experiência envolvendo alunos do curso de Agroecologia e membros da Cooperativa de Trabalho Múltiplo de Apoio às Organizações de Autopromoção – COONAP -, no campus II da UEPB, na cidade de Lagoa Seca, na região do Agreste da Paraíba.
O projeto beneficia 37 famílias em três cidades da Paraíba onde não choveu de setembro a dezembro deste ano, de acordo com a Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado (Aesa).
A fase de experiência implementou 28 unidades em três assentamentos em Pedra Lavrada, Cubati e São Vicente do Seridó.
O equipamento
Segundo Francisco, o dessalinizador foi projetado a partir de um trabalho de construção participativa, envolvendo alunos e agricultores da região.
A ideia surgiu diante da necessidade de facilitar o acesso à água potável para as famílias que vivem em regiões com escassez de água.
Os assentamentos Belo Monte I, em Pedra Lavrada, Belo Monte II, na cidade Cubati, e Olho D’Água, em São Vicente do Seridó foram os ambientes beneficiados com os equipamentos.
O professor diz que a escassez da chuva na região foi o incentivo para criar o dessalinizador e fazer com que as famílias continuem sobrevivendo de suas terras, a partir de alternativas ecológicas e técnicas.
Baixo custo
Ainda de acordo com ele, a procura pelo projeto tem sido grande por se tratar de um método simples, de baixos custo e manutenção.
O desejo do professor é transformar essa iniciativa em um projeto de política pública, igual ao que aconteceu com a construção de cisternas.
Para conhecer o projeto basta procurar a COONAP, ou fazer o contato direto com o campus da UEPB, que está à disposição para contribuir.
Ele diz que tem um trabalho de orientação com cartilhas explicativas, o que facilita a compreensão das pessoas que procuram a tecnologia.
Atualmente, segundo o professor, estão sendo implementadas 70 novas unidades do equipamento no município de Caraúbas, no Cariri paraibano.
O dessalinizador
O modelo do dessalinizador foi projetado em uma caixa construída com placas pré-moldadas de concreto, com uma cobertura de vidro, que possibilita a passagem da radiação solar.
Os processos de dessalinização e desinfecção da água, segundo o professor, ocorrem quando a alta temperatura no interior do dessalinizador provoca a evaporação da água, que entra em contato com a superfície resfriada e faz o condensamento, retirando os sais antes existentes.
O método também elimina bactérias que podem causar doenças. Cada unidade do dessalinizador produz um volume de água potável de 16 litros por dia.
Prêmio
O prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social contemplou sete projetos, com troféus de vencedores e o valor de R$ 50 mil para cada experiência, destinados à expansão, aperfeiçoamento ou reaplicação da metodologia.
Foram inscritos 735 projetos, com 18 finalistas nas categorias nacional e três na internacional.
Os outros projetos premiados durante o concurso foram desenvolvidos nos estados de São Paulo, Bahia, Ceará e o Distrito Federal. Veja detalhes dos vencedores aqui.
Na categoria internacional, o projeto vencedor foi produzido na Argentina.
Durante a premiação, no último dia 23, em Brasília, foi anunciado um edital de R$ 10 milhões, com lançamento previsto para o início de 2018.
O valor será para reaplicação das tecnologias sociais disponíveis no acervo do Banco de Tecnologias Sociais (BTS), em parceria da Fundação BB com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Com informações da FBB