No dia 30 de janeiro de 1948, Gandhi era assassinado a tiros, em Nova Déli, por Nathuram Godse, um hindu radical que se entregou logo depois do crime e foi enforcado em 15 de novembro de 1949.
A notícia boa é que os ensinamentos do homem – que pregava o amor, a paz, o respeito e a igualdade entre todos os seres – permanecem vivos 70 anos depois. Continuamos falando e lembrando dele…
Considerado um dos líderes políticos e religiosos mais importantes da história, Mahatma Gandhi teve pensamentos e atos revolucionários: uma pessoa que era contra qualquer tipo de violência.
Na sua luta nacionalista, ele fez com que as atenções se voltassem para a Índia, até então considerada um submundo, como explica Lidice Meyer, professora de História de Ciências da Religião da Mackenzie de São Paulo.
“A grande importância de Gandhi se dá pelo fato de ser um ser humano, não é figura mítica. Um homem que conseguiu, através de seu esforço pessoal, conquistar o mundo inteiro para que observassem o que acontecia na Índia sob domínio britânico”, explicou a professora.
Para Emiliano Unzer, professor de História da Ásia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), o maior legado de Gandhi talvez tenha sido incorporar os conceitos filosóficos e religiosos do universo indiano para as contestações sociais e políticas, tal como a não-violência e a busca pela verdade.
“Disso resultou a grande projeção de sua figura e seu discurso no mundo indiano, asiático e mundial”.
Mensagem clara
Fato é que sua mensagem era clara e forte.
“Era uma mensagem acessível a todos. O discurso de Gandhi não era hermético, fechado na teologia hindu. Ele era muito inteligente, com conhecimento de muita literatura. Mas tinha uma fala muito simples, e isso era interessante. Os dirigentes o entendiam, e o povo também conseguia entendê-lo”, diz Lidice Meyer.
Segundo ela, mais do que um líder político, Gandhi era um líder social.
“Ele queria mostrar que o povo indiano tem seu valor. A ideia era resgatar um valor intrínseco, e isso vai ao encontro do valor espiritual, valor interior de cada um. Por isso, uma espiritualidade muito grande exala de Gandhi. Criado numa atmosfera britânica, ele usava muito a Bíblia em seus discursos”.
Para Mahatma Gandhi, diz Lidice, só havia um único Deus, e esse Deus era contra a violência. Uma lição que, para ela, continua importante nos dias de hoje.
“Ele defendia que, havendo um Deus único, era possível conviver em paz, não importa a religião de cada um. É algo ainda difícil nos dias de hoje, de tanta intolerância religiosa”, observa.
Para ambos os especialistas, as ideias de Gandhi continuam influenciando.
“É alguém que admiro muito. Um dos grande líderes do século 20. Acredito que ele continua influenciando, vejo interesse nos ensinos dele. Na própria Índia, Gandhi continua sendo uma figura importante, reverenciada. E fora da Índia, ainda desperta curiosidade e admiração”, aponta a professora.
“As ideias de Gandhi remetem a uma forma de resistência civil não-violenta que fundamenta toda manifestação contra as formas policiais. Seus conceitos vieram do ideário indiano, mas a forma de protesto revelou-se universal, como foram os protestos de Occupy Wall Street de 2011. E sua defesa contra a discriminação racial e social ecoou muito além de seu tempo e local”, destacou Emiliano Unzer.
A “Grande Alma”
Quem foi: Mohandas Karamchand Gandhi -, ou como ficou conhecido, Mahatma (“A grande alma”, em sânscrito) Gandhi – nasceu na Índia em 2 de outubro de 1869
Estudos e carreira: Sua família era rica. Seu pai era um político local. Quando jovem, Gandhi foi enviado para estudar na então Inglaterra e lá se forma em Direito
Vegetarianismo: Ser vegetariano era tradição hindu e jainista. Ele escreveu vários livros sobre o assunto enquanto cursava a faculdade, em Londres
Casamento e castidade: Gandhi casou-se aos 13 anos com Kasturbai, da mesma idade, numa união acertada entre as famílias. O casal teve quatro filhos. Depois dos 30 anos de idade, ele resolveu adotar o celibato e abdicou do sexo
Choque cultural: Na juventude, em Londres, Gandhi sofreu um acidente de trem. Ele viajava de primeira classe quando solicitaram que se transferisse para a terceira classe, por ele não ser branco. Como se recusou a obedecer à ordem, foi jogado do trem. O episódio o fez se interessar em combater as leis discriminatórias da época
Vida na África: Gandhi se forma e volta à Índia. Mas não consegue se estabelecer na carreira e vai trabalhar em uma firma hindu na África do Sul, onde desperta para a consciência social e passa a defender os direitos das minorias
Simplicidade: Gandhi passou a usar roupas feitas por ele mesmo, numa vestimenta mais comum à maioria dos hindus. Caminhava a pé com as pessoas nos protestos. Passava dias em silêncio, meditando e escrevendo. E fazia longos jejuns em protesto
“Satiagraha”: O termo, que significa, em sânscrito, “a busca da verdade”, foi usado por Gandhi durante sua campanha pela independência da Índia. É o que baseou a pregação de não-violência nos protestos.
“Soldado da paz”: “Me considero um soldado da paz”, disse Gandhi durante uma conferência em Genebra, nos anos 30
Nobel da paz: Gandhi foi indicado ao prêmio Nobel da Paz cinco vezes, entre 1937 e 1948, mas nunca ganhou
Sobre Gandhi: O físico Albert Einstein ( 1879-1955) escreveu que “as gerações por vir terão dificuldade em acreditar que um homem como este realmente existiu e caminhou sobre a Terra”
O filme: O filme sobre a biografia de Gandhi, lançado em 1982 foi estrelado pelo ator Ben Kingsley. Ele ficou tão parecido com o verdadeiro Gandhi que alguns nativos da Índia acharam que ele fosse seu fantasma. O segredo pode estar nos genes: a família paterna do ator é oriunda do estado indiano de Gujarat, o mesmo de Gandhi. O filme ganhou vários prêmios, entre eles oito Oscars
Com informações do Wikipedia, Infoescola, Adoro Cinema e GazetaOnLine