Um cobrador de ônibus deu o exemplo e aprendeu Libras, a língua brasileira de sinais, para tratar melhor e entender as necessidades de seus passageiros.
Gabriel Pinheiro da Fonseca, 24 anos, cobrador da empresa de ônibus Laranjal, em Pelotas, Rio Grande do Sul, aprendeu Libras sozinho, estudando na internet.
Gabriel conta que achava “chato” não ter como conversar com passageiros surdos dentro do coletivo.
“Eu me sentia mal”, disse. Afinal, eles têm as mesmas dúvidas que qualquer outra pessoa pode ter enquanto usuária do transporte público: “Onde fica parada X?”, “Me avisa quando chegarmos em tal ponto?” e “Esse ônibus vai para onde?”.
Sem ter o que responder, surgiu o interesse em aprender a língua.
Youtube
Gabriel foi para o YouTube e encontrou canais com vídeos especializados no ensino de Libras.
Aos poucos foi entendendo sobre a coisa toda.
Dentro do ônibus, seu local de trabalho, ele começou a praticar os sinais com ajuda dos passageiros, já que não é amigo nem familiar de nenhuma pessoa surda.
“Eles ficam surpresos quando eu respondo usando Libras”, fala.
Há quatro anos na profissão, Gabriel começou a usar Libras nos últimos seis meses e pretende continuar aperfeiçoando.
“Como são gestos, se não executar bem a pessoa não vai entender. Tem variações e se não fizer direito o surdo pode entender outra coisa, já que muitos sinais são parecidos”, pontua.
Aprender
Quando conversa com surdos no ônibus, o cobrador aproveita também para tirar dúvidas e aprender um pouco mais, em uma troca que só tem pontos positivos.
“Eu pergunto como falar algumas coisas e eles me ensinam. Assim aumento meu vocabulário”, diz.
Gabriel defender que Libras deveria ser ensinada nas escolas, desde as primeiras séries.
“Começando, pelo menos, pelo alfabeto em Libras. A partir dele, tu fala qualquer coisa. Depois, a escola deveria ensinar alguns sinais básicos. Aí todo mundo saberia o mínimo. Seria um passo para uma comunicação melhor com eles”, acredita.
Os surdos que não têm um cobrador como Gabriel precisam se virar como podem.
Jean Michel Farias, 31, servidor do IFSul (Instituto Federal Sul-rio-grandense), diz que muitas vezes apela para a escrita, por ser surdo e usuário de ônibus.
“Se eu não sei onde preciso descer, escrevo em um papel e mostro pro cobrador. Peço para me avisar, tudo através de gestos. Sento bem perto do funcionário e fico olhando, esperando ele me avisar”, conta.
“Mas se a pessoa souber Libras, obviamente, fica tudo mais fácil, pois ela vai transpor essa barreira”, traduziu a intérprete de Libras do Instituto.
Com informações do DiárioPopular