Uma universidade dos EUA aprovou o uso de cachorros adestrados nas UTIs – unidades de tratamento intensivo – para aliviar o dano físico e emocional dos pacientes, de maneira substancial e segura.
Especialistas médicos da Johns Hopkins University, dos EUA, defendem que animais de estimação podem ajudar pessoas internadas a se tornarem ativas e a se comprometerem mais com a própria recuperação.
A terapia com animais é “uma ferramenta num conjunto voltado a tratar a alma e não só o corpo do paciente”.
É o que diz um artigo publicado na revista “Critical Care”, por Dale Needham, Janice Jaskulski e Stephen Wegener, da Johns Hopkins, e Linda Chlan, da Clínica Mayo.
Os especialistas defendem o uso de cães em hospitais, baseados os resultados de um programa piloto desenvolvido em 2017 na UTI do hospital da Johns Hopkins, em Baltimore (Maryland).
Eles também recomendam a outros hospitais testar estas “intervenções não farmacológicas” com animais.
Dale Needham, professor de Medicina e de Reabilitação e Medicina Física na Faculdade de Medicina da Johns Hopkins University, explicou que um animal de estimação pode ajudar o paciente se tornarem ativo e a se comprometer com o objetivo de se recuperação o mais rápido possível.
Seria preciso “dar-lhes menos remédios e confiar mais nas intervenções não farmacológicas, como a musicoterapia, o tratamento de relaxamento e o tratamento com animais”, disse.
Os respiradores, os tubos, cateteres e outros dispositivos tecnológicos que costumam ser colocados nos internados na UTI os “desumanizam” e “desmoralizam”, e a isso se acrescenta o fato de que costumam estar sedados e prostrados na cama, o que lhes pode causar fraqueza muscular, confusão mental, depressão, ansiedade e estresse pós-traumático, afirmou Needham.
A pesquisa
Os estudos mostram que até 80% dos pacientes de UTI sofre de delírios, confusão e às vezes alucinações enquanto estão internados e igualmente cada vez há mais evidências de que esses problemas se reduzem em pacientes mais ativos e menos medicados.
Por isso, depois de conhecer os resultados positivos conseguidos com a terapia canina na unidade de reabilitação do hospital, se decidiu adaptar o protocolo para testá-la na UTI.
Os dez pacientes da UTI que receberam visitas destes cães em 2017 tinham idades entre 20 e 80 anos e diagnósticos variados.
Cada um recebeu pelo menos uma visita de 20 a 30 minutos durante a sua permanência na unidade e em alguns casos essa visita incluiu a presença de um terapeuta físico ou ocupacional.
“Os dados mostram a partir de uma perspectiva psicológica que os cães podem ajudar os pacientes, por exemplo, dando-lhes um motivo para ser mais ativos”, disse Megan Hosey, professora adjunta de reabilitação e medicina física.
Exigências
O protocolo elaborado por Needham, Hosey e outros especialistas estabelece que, para poder receber as visitas dos cães, os pacientes devem estar conscientes e o suficientemente alertas para se relacionar com o animal, não ter risco de infecções e obviamente estar interessados nessa visita.
Quanto aos cães, devem estar registrados no programa Pet Partners, que assegura que tantos os animais como os que cuidam deles estão em dia na preparação necessária.
Tendo em vista a resposta positiva dos pacientes, a equipe planeja medir em futuras experiências se a terapia canina produz mudanças na dor, na capacidade respiratória e no estado de ânimo.
Aliviar a dor
Às vezes basta o cão se sentar perto da cama, porque constitui uma presença carinhosa, que acalma, para melhorar o ânimo e aliviar a dor, acrescentou a professora adjunta de reabilitação e medicina física, Megan Hosey.
Ela disse que, à luz dos resultados na Johns Hopkins, outras unidades de tratamento intensivo e outros departamentos nos hospitais deveriam considerar as intervenções não farmacológicas e associar-se com organizações como Pet Partners e Assistance Dogs International, que certificam os animais.
Também deveriam se centrar em pacientes com probabilidades de sucesso e melhoria, não nos que sofrem delírio ou doenças contagiosas.
Com informações do BemEstar