Venceu leucemia e se formou em engenharia: comemoração dupla
“Nunca duvidei da cura” é o que diz um rapaz de 25 anos que teve leucemia, recebeu medula óssea da mãe, se curou e agora comemora seu diploma em engenharia.
Joilson Bentes chegou a encontrar dois doadores compatíveis, mas os transplantes não puderam ser realizados. “No primeiro caso o doador desistiu e na segunda vez, quando estávamos fazendo todos os exames para o procedimento a doadora descobriu que estava grávida”, contou Joilson ao G1.
No hospital, os médicos decidiram fazer um transplante chamado haplo, que é quando o doador e o paciente não são totalmente compatíveis, mas existe a possibilidade da doação e a mãe de Joilson, Maria Auxiliadora Faria de Brito, foi a doadora da medula óssea.
O transplante foi realizado em 2015, enquanto ele estava na faculdade.
O tratamento raro salvou a vida do rapaz e a formatura do curso de engenharia mecânica em fevereiro deste ano representou também a vitória na luta pela vida.
“Nós optamos por esse procedimento porque o Joilson tinha um tipo de leucemia muito diferente dos padrões habituais, com muitas implicações e bastante agressiva, e não podíamos perder o ‘timing’ do transplante. Havia essa urgência, por isso optamos pelo transplante haplo”.
A explicação é do o médico Mair Pedro de Souza, do Serviço de Transplantes de Medula Óssea do Hospital Amaral Carvalho, em Jaú, interior de São Paulo.
A mãe do jovem conta que até então eles não sabiam dessa possibilidade, mas a notícia renovou as esperanças.
“Desde o começo ele me disse ‘mãe não me abandone’ e foi isso que eu fiz. Foram os anos mais difíceis da nossa vida, você ter que sorrir com o coração sangrando e falar para o seu filho que vai dar tudo certo. Essa era a minha obrigação de mãe”, completa.
Células-tronco da mãe
Joilson Bentes Filho descobriu que tinha leucemia no meio do curso na Universidade do Estado do Amazonas, durante exames de rotina.
Apesar do transplante, a medula dele parou de funcionar, ficou com apenas 23% da capacidade de funcionamento e ele passou a fazer transfusões de sangue diárias.
“Chegou um momento em que os médicos disseram que já tinham feito tudo o que poderia ser feito e tinham usado todos os recursos disponíveis. Me perguntaram se eu queria voltar para Manaus e terminar meus dias lá, mas eu disse que queria ficar. Em nenhum momento eu deixei de acreditar na minha cura”, lembra.
A esperança surgiu de um procedimento raro que utiliza células-tronco e só foi possível com a parceria do Amaral Carvalho com o Hospital Albert Einstein, por meio do programa do Ministério da Saúde.
E mais uma vez a mãe do jovem foi a doadora.
“Nesse procedimento, a gente extrai a medula aqui no hospital e encaminha para o Albert Einstein, onde é feita a separação das células-tronco em um processo que envolve tecnologia e eles nos fornecem de volta o lote somente com essas células. Dessa forma conseguimos recuperar o funcionamento da medula dele”, explica Mair.
Superação
O procedimento feito em 2016, pela terceira vez no hospital de Jaú, salvou a vida do Joilson e ele conseguiu concluir os estudos.
“Em nenhum momento eu pensei em abandonar a faculdade, falei para os meus professores sobre o tratamento e não queria parar de estudar, queria algo para ocupar a minha mente, então eu fazia duas, três matérias por período. E depois do transplante eu fui com tudo, para terminar as matérias e fazer estágio. Ter conseguido concluir o curso para mim foi uma superação.”
Hoje, ele faz o acompanhamento e volta no hospital a cada cinco meses. A cada visita, o jovem é recebido com todo carinho pela equipe médica.
“Ele é uma prova viva e inequívoca que nem sempre a doença transforma as vítimas em pessoas amargas. Ele sempre foi muito doce, tranquilo e enfrentou as dificuldades de uma forma serena. O jeito dele nos marcou com certeza, pela postura de em nenhum momento mostrar medo ou insegurança”, resume o médico.
Com informações do G1