Especialistas da USP descobriram um tratamento que pode reduzir a gordura no fígado em até 80 por cento.
O tratamento usa laser infravermelho, prática de exercícios físicos e educação nutricional.
Além de proteger o paciente contra obesidade, o procedimento pode impedir que a longo prazo ele possa desenvolver um câncer de fígado.
Foi o que constatou uma pesquisa do Grupo de Óptica do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP.
O resultado da avaliação surpreendeu pela grande diferença na quantificação de TGO,TGP e GGT, três enzimas hepáticas responsáveis pelo metabolismo de várias ações do fígado, disse Antonio Eduardo de Aquino Júnior, pós-doutorando em biotecnologia e um dos autores do estudo ao G1.
O pesquisador ressaltou que o aumento de peso corporal pode diminuir em até 8 anos o tempo de vida das pessoas. “E para quem tem apenas sobrepeso, já se tem 70% de chance de estar com esteatose hepática não alcoólica (gordura no fígado)”, disse.
Laser
O estudo envolveu 20 voluntários obesos do sexo masculino, com idades entre 20 e 40 anos, que receberam informações nutricionais e evitaram a ingestão de bebidas.
Durante dois meses, três vezes por semana dez voluntários realizaram uma hora de exercícios aeróbicos, musculação e receberam em seguida dez minutos de aplicação de laser.
A luz foi instalada em quatro placas com 16 emissores de laser (cada), que foram colocadas sobre o abdômen, quadríceps, glúteos e bíceps, estimulando o gasto de energia acumulada.
Outros dez voluntários não receberam a aplicação da terapia com luz.
“Os valores de redução enzimática chegaram a aproximadamente 80% no grupo que fez uso de laser infravermelho em relação ao grupo de terapia tradicional”, afirmou o pesquisador.
Em meio ao tratamento, os pesquisadores notaram que houve também redução da gordura visceral (localizada próxima à região da barriga), peso corporal, gordura total do corpo, colesterol e lipoproteína de baixa densidade (LDL) e triglicerídeos.
“É sempre importante lembrar que a mudança no estilo de vida, em relação aos hábitos alimentares e o aumento da quantidade de exercícios é ponto fundamental para o resultado. O uso de uma tecnologia como o laser infravermelho atua como potencializador do exercício”, disse Aquino Júnior.
Técnica inovadora
O projeto pretende fornecer à comunidade médica uma tecnologia que proporcione aos pacientes um tratamento alternativo para combater a obesidade.
De acordo com o pós-doutorando, o uso de laser associado ao exercício ainda não é divulgado, mas espera-se que em breve esse tipo de trabalho possa ser realizado amplamente pelos profissionais. Atualmente o laser ou LED é bastante utilizado na área de fisioterapia.
“Para uso de treinamento e emagrecimento, este tipo de trabalho deve ser realizado por profissionais de educação física, os quais estão aos poucos tomando conhecimento dos equipamentos e técnicas que podem ser utilizadas. O laser de baixa intensidade é indolor, mas precisa de treinamento e conhecimento para utilizá-lo”, ressaltou o pesquisador.
O estudo foi desenvolvido sob a orientação do professor Vanderlei Salvador Bagnato (IFSC) em parceria com as pesquisadoras do IFSC Fernanda Mansano Carbinatto e Lilian Tan Moriyama.
O apoio foi do Centro de Pesquisas em Óptica e Fotônica (Cepof/Fapesp), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pela empresa MMOptics,
Com informações do G1