Só Notícia Boa
Comercial
Brasileira autodidata e faxineira dá palestra nos EUA
12 de junho de 2018
- Só Notícia Boa
Foto: Portal Geledés
Foto: Portal Geledés

Uma faxineira brasileira e autoditada vai contar a própria história em palestra nesta sexta, dia 15, na Cuny University, em Nova Iorque.

O evento mediado pelo doutor Eduardo Vianna vai ser transmitido online pelo Facebook do BradoNYC e vai contar ainda com poesia, e projeções da vida da mineira na Big Apple.

A mineira Alline Parreira nasceu no sertão, em Manga, foi adotada duas vezes e aos 3 meses foi criada por uma família branca.

Comercial

Ela não possui curso superior, é ativista social e se sustenta fazendo faxinas em casas nova-iorquinas, aonde vive há dois anos.

“Para nós mulheres negras não foi permitido narrar nossas histórias em primeira pessoa, eu quebro esse paradigma, eu que conto minha história, para mim é muito importante”, aponta.

Universidade da vida

“A vida foi a minha universidade. Eu sem curso superior, sem nada, adquiri todas essas informações. Aprendo e pesquiso muito. Minha construção identitária é baseada no que aprendi lendo os autores acadêmicos Angela Davis e Frantz Fanon”, relembra.

“Com Angela Davis, em “Mulheres, Raça e Classe”, eu identifiquei que em todo este processo da construção de minha identidade, gênero, raça e classe sempre caminharam juntos, sou mulher negra e pobre.
Com Frantz Fanon, no livro ‘Peles Negras Máscaras Brancas”, de uma forma muito radical eu me descolonizei, modifiquei totalmente o meu ser, eu me libertei”, conta Alline.

“Não podemos dicotomizar os dois tipos de conhecimento”, aponta Eduardo Vianna.

“O conhecimento conceitual, teórico tem que estar a serviço da prática, mas a prática precisa ser analisada, o que requer conceitos”, defende o mediador.

Durante a palestra, Alline incluirá uma performance surpresa que será seguida de uma conversa sobre privilégio, identidade e transformação social.

História

Sem a aplicação correta do Estatuto da Criança e do Adolescente, ECA, Alline foi doada pela mãe e adotada por uma mulher extremamente pobre que também morava em Manga, e mais tarde foi adotada pela mãe dessa mulher.

Elas moravam no sertão de Minas Gerais, quase na divisa com a Bahia, à beira do Rio São Francisco e Alline passou por todo tipo de privação possível.

Na escola sofreu rejeição e teve de ser alfabetizada pela mãe, analfabeta. Aprenderam a ler e escrever juntas.

Apesar de todas as impossibilidades, Alline conseguiu dar a volta por cima ao descobrir programas governamentais.

Outro ponto marcante na história da brasileira foi quando ela ganhou uma bolsa e viajou sozinha pelo continente africano.

“Mudou meu rumo, e ampliou os meus horizontes, com o conhecimento prático, de uma mulher negra viajando sozinha”, relembra.

Daí em diante Alline, que já havia tomado gosto pelos estudos e pela leitura, passou a aplicar os conceitos críticos que ia aprendendo com autores que combatem opressões, como racismo e misoginia, à sua própria realidade e trajetória de vida.

“Quando relato minha trajetória, as pessoas se surpreendem: Fui adotada de forma ilegal, cresci em uma família branca e extremamente pobre, completamente disfuncional. Vivi muitas opressões tanto da minha família adotiva, quanto na escola. Ninguém nunca esperou nada de bom de mim”, relembra.

“Quando fala-se de uma criança negra adotada por uma família branca, logo imagina-se que a família seja rica, mas a minha era muito pobre, não tínhamos luz elétrica, cozinhávamos em fogão a lenha, por falta de gás.”

Alline espera narrar sua história em um livro. Para isso, está buscando parcerias ou editoras.

Com informações da Geledes

Comercial
Notícias Relacionadas
Comercial
Últimas Notícias
Comercial
Mais Lidas
Comercial
Mais Notícia Boa
Comercial