O goleiro do Irã, que foi fundamental na vitória sobre Marrocos na estreia da seleção iraniana na Copa da Rússia, teve uma vida difícil: foi morador de rua, entregador de pizza, lavador de carros e gari.
A história de Alireza Beiranvand começa nas montanhas da região de Lorestão, oeste do Irã. Filho mais velho de uma família de pastores nômades, ele viajava pelas pastagens em busca de alimento para o rebanho de ovelhas.
Quando não era pastor, Beiranvand jogava futebol. Outro passatempo era o “Dal Paran”, brincadeira de arremessar pedras o mais longe possível.
Quando ele tinha 12 anos, a família decidiu se estabelecer na cidade Sarabias, onde havia um clube de futebol. Beiranvand começou a treinar lá, como atacante. Mas a contusão do goleiro titular fez ele mudar de posição – contra a vontade do pai, que tinha outros planos para ele.
“Meu pai não queria que eu jogasse futebol e me pediu para trabalhar. Ele até mesmo rasgou o meu uniforme e as minhas luvas, aí tive que agarrar só com as mãos, várias vezes”, contou Alireza Beiranvand, ao “Guardian”, publicada no início do mês.
“Passei por muitas dificuldades para fazer meus sonhos virarem realidade, mas não tenho intenção alguma de esquecê-las, porque elas me fizeram quem sou hoje”
Fugiu de casa
O jovem Beiranvand decidiu então deixar a família para trás e fugir para Teerã, atrás de uma chance em algum grande clube.
No ônibus para a capital do Irã, ele conheceu um técnico, chamado Hossein Feiz, que garantiu uma oportunidade para treinar, após pagamento.
Mas faltou dinheiro e a solução foi dormir perto da Torre Azadi, com outros pobres imigrantes.
Houve noites em que o refúgio foi a porta do clube onde treinava (pagando). Finalmente a oportunidade veio, junto com o abrigo na casa do capitão do time.
Para pagar pela hospedagem, Alireza começou a trabalhar em uma fábrica de roupas, depois num lava-jato, também foi entregador de pizza, varredor de rua… E finalmente chegou goleiro do sub-23 do Naft Teerã.
Titular
A ascensão foi impressionante.
Alireza Beiranvand se tornou o titular do gol do Irã em 2015 e foi fundamental para a classificação para a Copa do Mundo.
Foram 12 jogos sem sofrer gols nas Eliminatórias. Desde a Copa de 2014, o Irã não levou gol em 78% das partidas por competições oficiais (18 de 23).
A estreia no Mundial em 2018 não poderia ter sido melhor.
Fez defesas importantes nos chutes de Benatia e Ziyech, que garantiram a vitória do Irã em cima da seleção de Marrocos.
Foi o segundo triunfo do Irã na história das Copas.
Com informações do GloboEsporte