As capacidades de meditar e de ficar calmo do treinador Ekapol Chanthawong, de 25 anos, foram cruciais para manter vivos os garotos que foram retirados da caverna na Tailândia. Os últimos, incluindo o técnico, foram resgatados nesta terça, 10, como mostrou o SóNotíciaBoa.
Durante os 15 dias de confinamento, o treinador, também conhecido como “Ake”, ensinou as crianças a meditar e a conservar o máximo de energia possível.
Os socorristas garantiram desde o primeiro dia em que o grupo foi encontrado que os esforços de Ekkapol mantiveram todos vivos.
“Vejam o quão calmos eles estão [no vídeo], à espera. Ninguém estava a chorar sequer, é surpreendente”, disse a mãe de uma criança de 11 anos que pertence ao grupo, sem dúvidas de que a presença do treinador foi crucial.
“Acredito que [a meditação] tenha sido vantajosa, mesmo que tenha servido unicamente como uma forma de as crianças sentirem que o seu treinador estava a fazer algo para as ajudar”, argumentou o professor universitário de Psicologia, Michael Poulin, à Associated Press.
Uma tia do treinador Ake, Tham Chantawong, disse à Associated Press que a sua capacidade de permanecer calmo foi a chave para manter o grupo vivo: “Ele conseguia meditar durante uma hora. E isso ajudou-o de certeza e provavelmente também ajudou os rapazes a ficarem calmos”.
Doou sua comida
Os mergulhadores dizem que o treinador é um dos que estão em pior condição física, já que Ake abdicou da pouca comida que tinham para a dar aos rapazes.
Ele também deixou para os garotos grande parte da água que pingava das estalactites, o que os manteve vivos.
História
Depois da raiva inicial, por ter levado os jovens para dentro da gruta, Ake está sendo visto pelos pais como um protetor espiritual dos meninos.
Ele ficou órfão aos dez.
Durante uma década o treinador foi monge budista. Ele só deixou a prática para tomar conta da avó doente, há 3 anos, mas continuou com hábito meditar com os monges do templo quase todos os dias.
Ake aprendeu a manter-se calmo e a dominar a arte de meditar num templo dourado na região montanhosa do norte da Tailândia.
Habilidade que serviu, ou foi vital, durante os 15 dias em que esteve preso, sem luz e sem comida, com o grupo rapazes.
A família de Ekkapol diz que ele decidiu tornar-se monge pouco depois da morte dos seus pais, quando tinha dez anos, altura em que passou a viver com a avó, conta o New York Times.
Não é mencionada a forma como o treinador perdeu os seus pais, ainda que existam relatos de que Ekkapol tenha também ficado sem um irmão.
Desculpas
Já dentro da gruta, Ekkapol escreveu uma carta aos pais das crianças, em que lhes pedia desculpa:
“Agora todos os rapazes estão bem, as equipes de socorro estão a tratar-nos bem. Prometo que cuidarei dos miúdos da melhor forma que conseguir. E peço desculpas sinceras a todos”.
As famílias reagiram às palavras do treinador, enviando uma carta também através dos mergulhadores, garantindo que não o culpabilizavam pela situação.
“Os pais e as mães não estão zangados contigo. Obrigado por ajudares a cuidar dos nossos filhos”, disse um dos pais, citado pela BBC.
“Não estamos de modo algum zangados contigo, não te preocupe”, escreveu ainda uma das mães.
Baixa
A operação terminou com uma baixa: a morte do experiente mergulhador voluntário Saman Kunan, de 38 anos, na sexta-feira (6), que será lembrando como outro herói dessa jornada que o mundo acompanhou durante 15 dias.
Com informações da AP, NYT, BBC e RPVA