Pesquisadores brasileiros desenvolveram um novo equipamento que reduz consideravelmente a dor de pacientes com fibromialgia – uma síndrome que provoca dores horríveis por todo o corpo durante longos períodos e que até hoje não tem tratamento definitivo.
A novidade do aparelho criado na USP de São Carlos, no interior paulista, está na conjugação do laser com o ultrassom, compondo o que os pesquisadores chamam de “ultralaser”.
Em testes feitos com humanos, ele conseguiu reduzir as dores em mais de 60%.
As aplicações duram apenas três minutos e são feitas duas vezes por semana em 10 sessões no total.
“São duas inovações no mesmo estudo: o equipamento e o protocolo de tratamento. Ao fazer a emissão conjugada de ultrassom e laser conseguimos normalizar o limiar de dor do paciente. Já o tratamento na palma das mãos contrapõe o tipo de atendimento feito hoje, muito focado nos pontos de dor,” disse Antônio de Aquino Júnior, pesquisador da USP em São Carlos (SP).
Tratamento nas mãos
A outra novidade que o pesquisador citou é a aplicação do tratamento nas palmas das mãos.
A técnica mostrou uma ação analgésica e anti-inflamatória melhor do que o tratamento feito nos locais das dores espalhados pelo corpo.
Como consequência da redução da dor, os pacientes tiveram melhora no sono, na capacidade de executar tarefas cotidianas e na qualidade de vida.
Testes com o aparelho
Os primeiros testes do aparelho foram feitos com 48 mulheres, de 40 a 65 anos, diagnosticadas com fibromialgia na Santa Casa de Misericórdia de São Carlos.
Três grupos de oito voluntárias receberam emissões de laser, ultrassom ou a conjugação de ultrassom e laser na região do músculo trapézio.
Os outros três grupos, com mesmo número de pacientes, tiveram como foco do tratamento as palmas das mãos.
Os resultados mostraram que o tratamento realizado nas mãos foi mais eficiente para os três tipos de técnicas, sendo que o tratamento com a combinação de laser e ultrassom ofereceu melhoras significativas aos pacientes.
Redução da dor
Na comparação entre ultrassom, laser e ultralaser aplicados no músculo trapézio, houve um percentual de diferença de 57% na melhora de funcionalidade e 63% na redução de dor para o grupo de ultralaser.
Já na comparação entre o tratamento no músculo trapézio e na palma das mãos com ultralaser, houve um percentual de diferença de 75% na redução de dor para o tratamento focado nas palmas das mãos.
“Estudos anteriores indicaram que pacientes com fibromialgia apresentam quantidade maior de neurorreceptores próximos aos vasos sanguíneos das mãos. Alguns pacientes chegam a ter até pontos vermelhos nessa região. Por isso, mudamos o foco e testamos a atuação direta nessas células sensoriais das mãos e não só nos chamados pontos de gatilho de dor, como o músculo trapézio, região normalmente de muita dor para pacientes fibromiálgicos”, disse Juliana da Silva Bruno, responsável pelos testes.
O novo equipamento deverá chegar ao mercado no início de 2019, e já está sendo testado para outras patologias.
Com informações do Diário da Saúde