Um biogel biodegradável criado no Brasil está ajudando a limpar as pedras atingidas por óleo em praias no nordeste.
O produto está em testes há 20 anos no Instituto Avançado de Tecnologia e Inovação, em parceria com a Universidade Católica de Pernambuco.
Esta semana o biogel foi aplicado no trabalho de limpeza das pedras de Itapuama, no Cabo de Santo Agostinho, e facilitou a retirada da substância.
“Ele é um produto totalmente biodegradável. Uma ONG fez um teste [quinta, 24] com o nosso produto em animais e se surpreendeu com o resultado. A gente pode usar nas rochas, nos animais e nas próprias pessoas que estão manuseando esse óleo”, afirmou a professora e doutora em Química, Leonie Asfora Sarubbo.
O produto
Há três anos, os pesquisadores conseguiram produzir um biodetergente, que está sendo usado em usinas termelétricas.
Quando o óleo começou a surgir no Nordeste, o grupo começou a analisar como adaptar a solução para esse caso.
“Esse óleo [que chegou à costa] é uma mistura complexa de hidrocarbonetos, que são compostos de carbono, e tem uma densidade muito elevada, é bem viscoso. Então, é muito fácil grudar na pele e os produtos de limpeza normais, como detergente, não conseguem limpar”, explicou o engenheiro químico Hugo Moraes.
O “biogel” é uma espécie de detergente natural, que atua “quebrando” a cadeia de hidrocarbonetos em pedaços menores, segundo os pesquisadores. Com isso, o óleo fica mais fluído.
“A partir do momento em que ele fica mais fluído, se ele entrar em contato com a água, com o solo, a própria natureza e micro-organismos podem fazer essa degradação. Nós estamos ajudando eles a degradar esse óleo, sem usar produtos nocivos”, detalhou a engenheira ambiental Nathália Padilha.
Biodegradável
A pesquisadora garantiu que o produto final após a utilização do biogel não causa danos para a natureza.
“Esse é um produto desenvolvido ao longo de mais de 20 anos. A gente teve que adaptar por conta das características desse óleo que chegou aqui na praia. É um produto que tem base natural, não vai impactar de maneira alguma. A gente está com compromisso de ajudar, não de poluir ainda mais”, disse Padilha.
Após o teste dessa sexta-feira (25), os pesquisadores afirmaram que o produto está pronto para ser usado em todo o Nordeste.
O diretor do Instituto, Guilherme Cardim, afirmou que o “biogel” foi desenvolvido de acordo com todas diretrizes da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e possui ficha de segurança de produtos químicos a físicos.
Ele ressalta também que o Iati conseguiu um laudo de um laboratório de São Paulo, atestando que se trata de um produto atóxico é biodegradável.
“As etapas seguintes são os registros nos órgãos competentes e investimentos em infraestrutura necessários à sua produção em larga escala”, declarou.
Dez cidades pernambucanas foram atingidas pela substância, desde o dia 17 de outubro. Até a quinta (24), foram 1.358 toneladas de resíduo retiradas do estado, segundo balanço divulgado pelo governo.
Com informações do G1
Espalhe notícia boa nas suas redes sociais. Siga o SNB no Facebook, Twitter, Instagram e Youtube