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Filho indígena carrega pai para tomar vacina: etnia livre de Covid
4 de janeiro de 2022
- Andréa Fassina
Tawy Zoé leva o pai Wahu Zoé. Eles são da etnia Zoé que hoje está livre da Covid Foto: Erik Jennings
Tawy Zoé leva o pai Wahu Zoé. Eles são da etnia Zoé que hoje está livre da Covid Foto: Erik Jennings

Uma foto de um filho indígena carregando o pai para tomar vacina chamou a atenção após ser compartilhada pela ABIP, Articulação dos Povos Indígenas.

Tawy Zoé leva o pai, Wahu Zoé, nas costas para tomar a primeira vacina contra a Covid-19. Tawy, que pertence a etnia Zoé, do norte do Pará, carregou o pai 6 horas dentro de uma floresta com morros, igarapés e obstáculos até a base da ABIP.

Após tomar a vacina, ele colocou o pai novamente nas costas e andou por mais 6 horas até a aldeia. O resultado de atitudes como esta, segundo a postagem da ABIP, é que estes povos chegaram a 2022 sem registro algum de casos de Covid.

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A foto foi registrada pelo médico Erik Jennings que vem cuidando do povo Zoé em meio a pandemia.

Zoé

Os povos indígenas da etnia Zoé convivem com agentes de saúde há apenas 3 décadas. Até então, não tinham contato com a chamada civilização e até hoje mantém vigorosamente suas formas de organização social e territorial.

Eles vivem numa área de densas florestas entre os rios Cuminapanema e Erepecuru, no norte do Pará.

Os Zoés falam Tupi-Guarani e há 4 anos, jovens e chefes da aldeia aprenderam a se comunicar em português.

Médico premiado

O neurologista Erik Jennings, que fez o registro da foto de Tawy com o pai Wahu, é coordenador da residência médica de Neurocirurgia do Hospital Regional do Baixo Amazonas. Erik é responsável pela saúde do povo Zoé.

Para ele, um recorte em especial precisa ser lembrado em momentos de crise como o da pandemia do novo coronavírus: as condições dos indígenas brasileiros.

Sempre equipado com aventais, luvas e algumas máscaras, o profissional da saúde acredita que a “covid-19 teve um impacto gravíssimo para as populações indígenas em vários aspectos”, disse em entrevista à GQ.

“No cultural, o principal deles [dos impactos] é a perda das pessoas mais idosas que são a grande fonte de conhecimento desses povos”, lamentou. Para Erik, contudo, “a covid-19 já teve uma dimensão de genocídio para os povos indígenas.”

Diante deste trabalho crucial, o site Aventuras na História homenageou Erik no prêmio ‘Descobertas do Ano’, um evento que celebra os 18 anos da edição impressa do veículo.

Foto: Erik Jennings
Foto: Erik Jennings
O dr. Erik vacinando na tribo Zoé Foto: Fábio Ribeiro/Divulgação
O dr. Erik vacinando pessoa da etnia Zoé Foto: Fábio Ribeiro/Divulgação
dr. Erik sendo vacinado por um indígena da tribo Foto: Márcia Moreira/Divulgação
Dr. Erik sendo vacinado por um indígena – Foto: Márcia Moreira/Divulgação

Com informações da Articulação dos Povos Indígenas e Aventuras na História

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