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Gorilas órfãos adotam guarda como mãe
15 de novembro de 2014
- Bruno M.

Foto: BBC
O guarda florestal Andre Bauma cuida, há 7 anos, de gorilas da montanha dos órfãos, em Virunga, o mais antigo parque nacional da África, na República Democrática do Congo.
Ele diz amá-los como se fossem seus próprios filhos.
Uma gorila, Ndakasi, é particularmente próxima a Bauma. Ela o vê como mãe. Apesar de ser humano e homem, Bauma assumiu o papel.

“Nós compartilhamos a mesma cama, eu brincava com ela, eu a alimentei… Então, posso dizer que eu sou sua mãe”, diz ele.Eles se conheceram em circunstâncias terríveis.

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Ndakasi era um bebê de dois meses de idade quando sua mãe foi baleada à queima-roupa na  cabeça – o parque descreveu a ação como uma “execução”.

Ndakasi ainda estava agarrada à mãe morta quando Bauma a encontrou.

“Ela era pequena, pesava apenas uns dois quilos”, diz Bauma.Desde que a resgatou do chão da floresta, o guarda tem dedicado sua vida a salvar a dela.”Cada gorila é crucial, porque é uma espécie em vias de extinção – por isso, tivemos que cuidar dela”, conta.

A família

Ndakasi nasceu em um renomado grupo de gorilas da montanha, a família Rugendo, que teve quatro de seus membros mortos no ataque em 2007.Acredita-se que o comércio ilegal de carvão seja o motivo por trás do ataque.

O ex-superintendente de Virunga, Honore Mashagiro, foi acusado de envolvimento com atividades ilegais, mas nunca foi condenado.A lei diz que nenhuma atividade humana é permitida dentro do parque – e os guardas estão lá justamente para evitá-las.É um trabalho perigoso: desde 1996, mais de 130 guardas florestais foram mortos.

Orfanato de gorilas

Bauma agora dirige o orfanato de gorilas, localizado na sede do parque, em Rumangabo. 

Ndakasi foi o primeiro animal a ser alojado, mas ela logo ganhou a companhia de Ndeze, outro membro da família Rugendo.

Depois vieram mais duas fêmeas e um macho. Um dos órfãos acabou morrendo.

Ninguém acreditava que Ndakasi sobreviveria, mas ela cresceu e tem hoje 65 kg. Porém, ainda se comporta como um bebê.”Sempre que ela me vê, sobe nas minhas costas como faria com a mãe”, diz Bauma.

“Mas ela é uma menina grande e forte e já não sou capaz de brincar com ela como costumava. Na verdade, no final do dia tenho dor nas costas.”

Comunicação

Os guardas se comunicam com os gorilas usando uma combinação de gestos e comandos de voz.”Por exemplo, há uma chamada – um grunhido longo, mas baixo – para dizer: ‘Estou aqui, eu vou ficar ao seu lado, está tudo bem'”, diz Bauma.”Eu também posso proibir alguma coisa”, diz ele.

“Eu posso dizer: ‘Isso não é bom, você não deve fazer isso'”. Essa ordem é dada através de séries de curtos “uh, uh, uh”.A comunicação não é um problema.

“Eles (os gorilas) são muito inteligentes. Posso ouvir pelo tom de voz se eles estão com medo de algo, se estão preocupados, se há algo errado com a comida, se sentem que estão em perigo…”

“Existem diferentes sons que eles fazem. E como temos vivido juntos por muito tempo, consigo reconhecer bem o seu estado de espírito.”Se os gorilas se comportam mal, agarrá-los à força não é uma opção: os órfãos estão agora mais fortes do que os seus cuidadores.

“Você não pode forçá-los a nada, porque, se decidirem ser teimosos, você está em maus lençóis”, diz Bauma.Por exemplo, se um órfão escapa do abrigo, pode levar horas para levá-los de volta para dentro – a “brincadeira favorita” dos gorilas é brincar de pega-pega, o que não é nada divertido para os cuidadores.

Felizmente, Bauma tem uma arma secreta: saquinhos de batatas fritas.
“Quando você dá algo que gostam, eles te veem como amigo. Nós não damos a eles como alimento, mas sim como uma tática para lidar com eles”, explica.

Dedicação
“Eu me senti na obrigação de ficar com os gorilas”, diz Bauma.
“Você tem que justificar por que está neste mundo. Os gorilas justificam a razão de eu estar aqui, eles são a minha vida. Se é para morrer, vou morrer pelos gorilas.

“Com informações da BBC

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