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Se formou aos 73 anos: aplaudido de pé
29 de abril de 2015
- Bruno M.


Foto: Rafaella Fraga/G1

Um aposentado de 73 anos realizou seu sonho: Vitor Gonçalves se formou no Ensino Médio, depois de tanto tempo longe da escola.
Ele foi aplaudido por um auditório lotado no dia da formatura da turma da Educação de Jovens e Adultos (EJA) de uma escola de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.

“Fui o último a ser chamado entre os colegas. Eu não sei, sabe, me segurei tanto, tanto. Todo mundo em peso levantou para me aplaudir. Parecia que o meu coração estava inchando. Nem olhei pra trás, senão era capaz de dar uma coisa em mim”, contou ao G1, como se ainda estivesse na cerimônia, realizada em dezembro de 2014.

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Oportunidade
Vitor faz parte do programa Educação de Jovens e Adultos (EJA), que ajuda uma parcela da população brasileira que não teve oportunidade de estudar quando criança.

O último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que 8,3% da população brasileira não sabe ler ou escrever. O índice corresponde a mais de 13 milhões de brasileiros. Entre os adultos, a taxa é de 10,2%.

História
Nascido na zona rural de Caçapava do Sul, cidade da Região Central do estado, viveu a infância, adolescência e início da juventude em uma casa simples no interior do município.

Os pais eram analfabetos e a irmã e o irmão também não estudaram.
Aos 20 anos, recém-casado, mudou-se para a capital. 

Na cidade grande, teve acesso à escola, mas precisou interromper os estudos.
A distância e a necessidade de ajudar no trabalho doméstico o impediram de continuar.

“Era impossível estudar e trabalhar, porque eu morava muito longe. Não tinha ônibus perto. Aí, tarde da noite, eu tinha que ir embora a pé. Era arriscado, escuro. Agora não é mais, mas na época sim, e eu tive que parar”, relata.

Para arcar com as despesas da casa ao lado da esposa, trabalhou como carpinteiro, zelador e “o que mais viesse”.

Com a aposentadoria, porém, sobrou mais tempo na rotina para aceitar o convite de uma educadora social que insistia para que ele voltasse para a sala de aula em 2006, aos 65 anos.

 

Pensou em desistir
Em 2010, a perda da esposa Neidi Pereira Gonçalves, então com 68 anos, o paralisou. Os dois eram casados há mais de quatro décadas.

“Quando eu estava subindo os degraus da vida, perdi minha companheira”, desabafa, com os olhos cheio d’água. “Até hoje eu sinto…”, tenta completar a frase, mas é interrompido pelas lágrimas.

 

O luto o fez pensar em desistir. Por dois meses deixou de frequentar a escola.

“A diretora disse que eu poderia ficar fora quanto tempo eu quisesse. Quando eu voltei, fui aplaudido no pátio da escola”, comenta ele, que teve o apoio da instituição para voltar.

“Estar dentro de casa, sozinho, sem aquela pessoa para conversar… não dá. Foi por isso que eu voltei”.

 

Mas logo em seguida, prestes a ser aprovado para o 8º ano, outro golpe o acometeu: com problemas cardíacos, ficou hospitalizado por 30 dias.

“Com tudo aquilo, ainda me ataquei do coração. Depois, mais um mês para me recuperar”, recorda.  “Aí sim, quando eu fiquei bom de verdade, engatei e fui até o fim”.

Com informações do G1

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