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Rapaz leva livraria itinerante a crianças da favela no Rio
28 de novembro de 2015
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Foto: reprodução ElPaís/Victor Soares
Foto: reprodução ElPaís/Victor Soares

“Levo a literatura para as crianças do morro, para que nutram o gosto pela leitura desde cedo. Quero consolidar um espaço na comunidade voltado para a cultura, para a arte e para a esperança”.

Palavras de Guilherme Vinícius Roberto, de 30 anos, que criou uma livraria ambulante que empresta livros para crianças e jovens do Morro do Zinco, uma favela do Complexo de São Carlos, no Rio de Janeiro.

A Livreteria Popular Juraci Nascimento pretende melhorar a vida dos moradores da comunidade.

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Nos fins de semana, Roberto e sua equipe – formada por quatro jovens de 16 a 18 anos – sobem o Morro com um triciclo customizado, que carrega um armário de compensado cheio de livros.

As portas se abrem em uma rua, escolhida por eles durante a semana, e as crianças logo aparecem para o início das atividades.

“Contamos histórias e emprestamos livros. Se demoramos para voltar para uma rua, somos cobrados pelas crianças. Isso é muito gratificante para nós”, afirma Roberto.

Quem banca

A principal fonte de renda da Livreteria é o bolso do jovem empreendedor, formado em comunicação social, que trabalha de madrugada em uma produtora de clipping.

No ano passado, o projeto chegou a receber 10 mil reais para sair do papel, da Agência Redes para a Juventude, um projeto de capacitação e inclusão de jovens apoiado pela prefeitura do Rio de Janeiro.

Com esse capital inicial, a literatura itinerante ganhou vida no Morro. Em apenas um ano de existência, conta com 600 títulos, nacionais e internacionais, todos doados por entidades parceiras ou pelos próprios moradores da comunidade.

“Os jovens do Morro não têm perspectivas de ingressar no mercado de trabalho com bons empregos nem cursar uma boa universidade, pois não têm condições de pagar por isso. A ideia da Livreteria é garantir acesso gratuito ao conhecimento e instigar nos moradores, desde crianças, a buscá-lo em diversas fontes. Não é preciso dinheiro para adquirir gosto pela literatura e pelo conhecimento”, diz Roberto.

Inspiração

A paixão de Roberto pelos livros foi ensinada pela aposentada Juraci Nascimento, que era famosa no Morro do Zinco.

A senhora de 80 anos deixava as portas de seu sobrado sempre abertas, onde frequentemente organizava festas temáticas, como as de Natal, para cerca de 150 crianças em seu quintal.

“Ela tinha uma lista de todas as crianças do Morro, com as suas medidas de roupa e de calçado. Com a ajuda de entidades parceiras da comunidade, distribuía um kit para a criançada toda no final do ano. Frequentei muito essas festas quando era menino. Dona Juraci me inspirou e me ajudou muito a ser o que sou”, conta Roberto.

Faz um ano que ela morreu, então não chegou a conhecer o empreendimento que carrega o seu nome, a Livreteria Popular Juraci Nascimento. Mas, com certeza, ficaria orgulhosa.

Crescer

Hoje o empreendedor conta com apoio do Social Starters, um programa de desenvolvimento de jovens transformadores, fundado pelas britânicas Anna Moran e Andrea Gamson em 2014.

A ideia é profissionalizar a gestão e transformar o a biblioteca itinerante em uma empresa, em uma associação.

Além da Livreteria, o Social Starters está “incubando” outros quatro empreendimentos:

  • ONG Prece, que trabalha com atletas com deficiência visual, visando aos Jogos Paralímpicos;
  • ONG Rio Vida, que promove treinamento para empreendedores das favelas cariocas;
  • Loja Maria Chantal, especializada em roupas que refletem a cultura africana no Brasil; e a
  • Loja de roupas Snipper, voltada para o “empoderamento” do jovem negro brasileiro.

Com informações ElPaís

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