Um braço biomecânico quase cem vezes mais barato que os já existentes no mundo.
A nova prótese foi desenvolvida pela equipe do engenheiro paraguaio Antonio Resquín, a partir da impressão em 3D.
Ela está em fase de protótipo e custa US$ 1 mil, cerca de R$ 3. 700, enquanto os produtos de titânio, aço ou alumínio fabricados na China, Reino Unido, Alemanha e Estados Unidos se aproximam dos US$ 100 mil.
Resquín, de 27 anos e coordenador do Centro de Inovação em Tecnologias Assistidas (CITA) da cidade de Hernandarias, no Paraguai, criou a prótese preocupado com o preço alto das já existentes.
O engenheiro disse à Agência Efe que sabe, por experiência própria, da inovação que representa a criação de uma prótese acessível economicamente e com as funções básicas.
“Sou uma pessoa com incapacidade física que usa próteses nos joelhos e não conto com o braço direito. Isso foi uma motivação muito grande para trabalhar no sistema, e eu sabia que estas próteses no mercado são muito caras, têm um alto custo e dificilmente são acessíveis às pessoas do país”, disse Resquín.
A prótese
O braço biomecânico é fabricado com plásticos duros, como o utilizado nos brinquedos Lego, e qualquer peça com defeito pode ser substituída mediante uma nova impressão em 3D.
Isso evitará o envio da prótese a seu país de origem para reparo, e o alto custo que isso implica.
“Nosso objetivo é desenvolver uma prótese realmente útil, cômoda, leve e que seja funcional, q e cumpra todas as funções de uma mão, embora não seja possível alcançar a funcionalidade total de uma mão natural”, explicou o engenheiro.
Resquín acrescentou que a prótese é fixada ao corpo através de um sistema de vácuo e funciona através de sensores colocados sobre a pele que detectam os sinais musculares mioelétricos enviados pelo cérebro, o que gera os movimentos básicos no braço biomecânico.
“A prótese tem funções de pinça básicas, de agarre fino e grosso, de força… que são os movimentos mais usados no dia a dia”, detalhou.
O engenheiro centrou o projeto na adaptabilidade da prótese ao corpo, mas também pensou no alto índice de acidentes de motocicleta no Paraguai, onde este tipo de transporte é o mais utilizado pela população devido ao preço mais acessível.
Esses acidentes, segundo Resquín, provocam um grande número de amputações entre as vítimas, que são de classe baixa em sua maioria e não podem comprar uma prótese de metal.
Outros produtos
“Não será um projeto isolado (…), atualmente estamos desenvolvendo cadeiras de rodas de baixo custo, com sistema ‘interface’ homem-máquina, para manejo não necessariamente com alavancas, e que usam softwares com certo grau de acessibilidade”, disse.
Resquín comentou que outra das finalidades destes projetos economicamente acessíveis é ajudar a superar o “choque emocional e a frustração psicológica” que impedem a recuperação das pessoas que sofrem uma amputação.
“Por experiência própria, o que mais desejam as pessoas que perdem algum membro é voltar a parecer ser como eram antes”, concluiu Resquín.
Com informações da Exame