A brasileira que deu nome à lei que protege as mulheres de abusos e violência poderá ser indicada para o Prêmio Nobel da Paz 2017.
Maria da Penha Maia Fernandes, uma biofarmacêutica que é de Fortaleza/CE, poderá ser confirmada como uma das indicações em fevereiro do ano que vem.
O comitê da premiação está recebendo as sugestões de possíveis candidatos de todo o mundo durante este mês.
Os nomes serão analisados pelo conselho e a nomeação dos vencedores do maior prêmio mundial de promoção de paz será, em outubro de 2017, na Noruega.
O anúncio da possibilidade de Maria da Penha ser indicada foi feito no mês passado pela senadora Lúcia Vânia (PSB-GO) e pela primeira-dama do Distrito Federal, Márcia Rollemberg, durante sessão solene no Congresso Nacional que celebrou os dez anos da Lei Maria da Penha (11.340/06), no último 7 de agosto.
“Foi uma surpresa”, disse Maria da Penha quando soube que seu nome seria indicado.
Ela acredita que prêmio pode dar maior visibilidade à proteção da mulher.
“Cerca de 98% da população brasileira sabe da existência da lei, mas nem todos os municípios têm políticas públicas de assistência. Ainda é muito pouco”, diz.
Conforme a senadora Lúcia Vânia, somente 28 dos 5.570 municípios brasileiros têm policiamento específico para mulheres — por meio de delegacias especializadas.
História
Maria da Penha levou à Corte Interamericana de Direitos Humanos as duas tentativas de assassinato que sofreu do ex-marido, em 1983.
Ela foi atingida por um tiro de espingarda enquanto dormia e ficou paraplégica.
“É corajoso porque enfrenta um silêncio envergonhado da violência de um Estado que despreza por completo o direito de milhões de brasileiras de se sentirem seguras”, disse senadora Lúcia Vânia.
Ela afirma que o desafio é alterar a cultura de violência no País.
“Delegacias da mulher ainda não funcionam 24 horas, nem em feriados, quando, geralmente, o homem agressor está em casa. É preciso rever o atendimento”, indica a farmacêutica.
Mesmo ainda sendo uma possibilidade, Maria da Penha já enxerga sua indicação para o Prêmio Nobel da Paz como um “avanço”.
Com informações de OPOVO