Nora Ronai, de 93 anos, sobrevivente do nazismo, hoje coleciona medalhas de natação.
Filha de pais esportistas, ela conta que começou idosa nas piscinas, aos 69 anos, quando decidiu competir em nível internacional, para buscar um novo ânimo.
Foi na época em que ela perdeu marido, o escritor Paulo Ronai, após um câncer. “A piscina me salva”, diz ela.
Hoje, a vovó exibe com orgulho as dezenas de medalhas conquistadas – sete delas de ouro no último Mundial, em 2014, quando já comemorava seu nonagésimo aniversário.
Além disso, ela sustenta seis recordes mundiais – cinco conquistados em 2014 e um em 2011.
Todos os dias ela caminha 20 minutos e treina diariamente no Clube de Regatas Guanabara, no Rio de Janeiro.
O segredo dela é encarar a velhice com realidade e mais um desafio.
História difícil
Nora nasceu judia, na Itália de Mussolini, foi banida da escola, virou fugitiva de guerra, viu o pai ser sequestrado pelos nazistas, e sofreu traumas que levaram a uma vida de superação.
“Vamos colocar isso em termos de natação. É como se na vida eu estivesse nadando, nadando, nadando, enfrentando ondas muito altas. Estou sendo acuada para cá, tendo complicações para lá. Mas quando entro na piscina, é como se eu tivesse chegado numa praia. Ensolarada, bonita”, contou em entrevista à BBC.
Esporte contra a tristeza
Nora conta que a piscina, pra ela, descansa a cabeça.
“Na piscina, eu estou descansando moralmente. Claro que fisicamente não, mas moralmente sim. A piscina me salva de muitas situações opressoras. Ninguém nasce com garantia de eterna felicidade, isso não existe. Então tem situações que são enlouquecedoras. Se a gente sabe nadar, é só nadar 200, 300 metros, que aí já não sente mais nada. Não fica triste, não precisa chorar. É como se tivesse lavado o cérebro por dentro.”
E ela fala em futuro.
A vovó já avista novos pódios para o Mundial de 2019, na Coreia, quando estará com 95 anos.
“Comecei a competir na natação com 69 anos, mas já estava acostumada a competições porque eu fazia saltos ornamentais quando nova. Eu não fico nervosa numa competição, nunca. No último Mundial de Montreal, eu ganhei sete medalhas de ouro. As que eu tenho mais orgulho são a dos 400m medley, 200m borboleta e 100m borboleta.”
Com informações da BBC