Cientistas norte-americanos descobriram que moléculas naturais produzidas por células do nosso próprio corpo podem interromper o progresso do glaucoma.
A doença neurodegenerativa que leva à perda da visão é a segunda principal causa de cegueira no mundo e não tem cura.
Uma equipe da Universidade da Califórnia, em Berkeley, EUA, descobriu que os mediadores lipídicos que regulam a inflamação – conhecidos como lipoxinas, produzidos por células em forma de estrela chamadas astrócitos – interromperam a degeneração de células ganglionares da retina de ratos e camundongos geneticamente modificados para apresentarem glaucoma.
As células ganglionares são os neurônios da retina e do nervo óptico, que recebem informações coletadas pelos fotoreceptores.
“Nós pegamos algo que todo o mundo assume como sendo um anti-inflamatório, e descobrimos que essas mesmas pequenas moléculas desempenham um papel fundamental na neuroproteção, o que é realmente entusiasmante,” afirmou John Flanagan, coautor do trabalho.
“Essa descoberta pode não apenas levar a drogas para tratar o glaucoma, como também o mesmo mecanismo e as opções de prevenção podem ser aplicáveis a outras doenças neurodegenerativas,” disse Karsten Gronert, professor de optometria na Universidade e coordenador da equipe.
A descoberta foi publicada no Journal of Clinical Investigation,
Testes
O que os pesquisadores descobriram especificamente é que os astrócitos, que ajudam a manter a função cerebral e formam a camada de fibras nervosas da retina e do nervo óptico, liberam agentes biológicos terapêuticos conhecidos como lipoxinas A4 e B4.
Para testar o potencial dessas substâncias como tratamento, a equipe administrou as lipoxinas aos roedores oito semanas após o aparecimento do dano causado pelo glaucoma.
Depois de 16 semanas, eles avaliaram a atividade elétrica nas células ganglionares dos roedores e constataram que a lipoxina B4, em particular, havia interrompido a degeneração das células.
“Este mediador lipídico pouco conhecido apresentou potencial de reverter a morte celular,” disse Gronert. “Não sabemos de nenhuma droga que consiga fazer isso.”
Com informações do Diário da Saúde e Journal of Clinical Investigation,