Aline Colares é a primeira aluna com Síndrome de Down a se formar no curso de Educação Física na PUCRS, em Porto Alegre.
A jovem, de 29 anos, se formou na semana passada depois de oito anos e meio de estudo.
Filha da costureira Iara, 62 anos, e do eletrotécnico aposentado Antônio, 63, ela entrou na universidade logo depois de concluir o Ensino Médio.
“Levamos a Aline para fazer a prova sem grandes expectativas. Sabíamos que é normal não passar. Mas ela entrou de primeira. Vários colegas da antiga escola não conseguiram”, disse Iara ao GauchaZh.
A paixão pela profissão é antiga. Aline adora nadar. Ela entrou em uma piscina pela primeira vez quando tinha poucos meses de vida. Desde então, nunca mais parou de praticar esportes.
“Adoro a água, me sinto muito bem. Já fiz várias travessias em mar aberto. Gosto de qualquer esporte, aliás. Futebol, exercícios na academia… Faz parte da minha vida”, diz a formanda.
Vencendo a timidez
Um dos primeiros desafios foi interagir com os colegas e professores da universidade, logo que entrou no curso, em 2009.
Aline se diz muito tímida. Mas ela enfrentou o problema.
O Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) dela foi sobre a idosos.
“Fiz sobre atividade física na terceira idade, a partir do aspecto motivacional. Foi difícil, mas consegui finalizar. Foi gratificante trabalhar com esse público”, contou.
Trabalho
Há dois anos, ela trabalha como auxiliar do professor de Educação Física do Colégio Rainha do Brasil, onde estudou desde o Ensino Fundamental.
“Lá, eu trabalho com crianças pequenas, de quatro a seis anos. Eu adoro!”
Agora formada, ela tem novos planos.
“Quero tirar a carteira de motorista e aprender a falar inglês. Na minha área, é comum lidar com estrangeiros, em função do esporte.
Gratidão
Aline diz que Antônio e Iara são seus maiores apoiadores, em qualquer coisa que decida fazer.
A mãe também rasga elogios à filha:
“Ela é muito determinada. Em momentos mais complicados, chegamos a dizer que ela poderia dar um tempo ou até desistir. Mas nossa filha nunca cogitou isso”.
O pai também:
“A gente sabe que existem barreiras. É indescritível ver a Aline agora. Nosso sentimento é de orgulho, de dever cumprido”.
Desafio
Aline também agradece muito à professora Vera Brauner: ” Ela me ajudou de diversas formas”.
A cada semestre, me orientava sobre as cadeiras que devia escolher, e também me incentivou a fazer trabalho voluntário.
“A Aline foi um desafio para todos os professores do curso, mas nunca recebeu privilégios, apenas o nosso apoio. O mérito de estar aqui é todo dela. É dedicada, disciplinada, cuidadosa, educada. Um exemplo para qualquer aluno”, finaliza a professor.
Com informações do GauchaZH