Urias de Campos realizou aos 69 anos o sonho de se tornar jornalista.
Morador de Jundiaí, em São Paulo, ele colou grau este mês no Clube São João e foi aplaudido de pé pelos colegas ao receber o diploma do curso de jornalismo pela UNIFACCAMP – Centro Universitário Campo Limpo Paulista.
“Com a colação de grau me sinto realizado. Agradeço a Deus, meus amigos de sala e ao corpo docente da faculdade, além do pessoal do estúdio”, disse orgulhoso à Tribuna de Jundiaí.
Os estudos
Urias diz que sempre sonhou em trabalhar com a comunicação, mas que não teve condições financeiras para investir nos estudos quando mais jovem.
“Para entrar no ginásio tinha que fazer uma espécie de admissão e eram poucas vagas no colegial. Pensar em faculdade? Estudar fora? Jamais, naquela época pobre não tinha esse direito”, lembra.
Urias entrou na universidade com apoio dos amigos e familiares. “Não foi fácil chegar até aqui devido ao meu trabalho. Fiz vários vestibulares, mas na hora de começar, não podia por causa do horário”, diz.
Mas, em 2015 ele conseguiu conciliar seus horários.
Ele conta que se assustou ao encontrar cerca de 100 alunos em sala de aula e pensou em desistir.
“Eu sentava no fundo e tinha dificuldade para enxergar e ouvir os professores. Mas, aos poucos consegui me adaptar e comecei a sentar mais próximo da lousa”.
O sonho
O sonho de Urias começou na infância, ouvindo programas de grandes comunicadores do rádio como Vicente Leporace, Henrique Lobo, Walter Silva, Pedro Luiz Paoliello, Fiori Gigliotti, Edson Leite, Geraldo José de Almeida e Jorge Curi.
“Eu também gostava da Hebe Camargo que começou na rádio antes de ir para a televisão”, completa.
Além desses ícones, Urias diz que na opinião dele, José Blota Júnior foi o melhor apresentador de todos os tempos.
“Vocês devem estar se perguntando: ‘E, o Silvio Santos?’ Bom, ele é um animador e não apresentador”, analisa.
Reconhecimento
“Ele sempre se esforçou para acompanhar o ritmo puxado e os trabalhos, e isso era o que eu mais avaliava”, explica um de seus professores, Rafael Mattoso Galdino.
Urias é servidor público. Trabalha como agente operacional judiciário em Franco da Rocha (SP). Ao sair do serviço, ele ia direto para a universidade, saia às 22h30 e voltava para casa de trem.
“Cheguei ao oitavo semestre aos trancos e barrancos. Quase desisti por problemas de saúde, mas depois pensei: ‘Já que cheguei até aqui, não vou desistir agora. Será covardia da minha parte’”.
Para quem está pensando em começar a estudar mas tem receio por causa da idade ele lembra:
“Deixem o preconceito e o medo de lado. A idade não é empecilho para nada, ainda mais quando se trata de adquirir conhecimento”.
Futuro
Em entrevista ao SóNotíciaBoa, Urias disse que não fez estágio por falta de tempo e que agora vai tentar entrar no mercado de jornalismo.
“Ainda estou na ativa. Sou funcionário público e me aposento no meio do ano. Depois tentar alguma coisa na área”, afirmou.
Mas se puder escolher, ele vai tentar trabalhar em jornal.
“Eu prefiro o jornal impresso, talvez por ter mais facilidades em escrever”, concluiu.
Por Rinaldo de Oliveira, da redação do SóNotíciaBoa – com informações da TribunaDeJundiaí
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