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Após 9 dias na UTI, enfermeiro volta ao serviço para ajudar: covid
16 de maio de 2020
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Max agora e na UTI - Fotos: arquivo pessoal
Max agora e na UTI - Fotos: arquivo pessoal

Um verdadeiro herói. O enfermeiro Max Rodney Cindra Braga, de 43 anos, voltou ao trabalho esta semana depois de pegar covid-19 e amargar 9 dias em um leito de UTI, no Rio de Janeiro.

Profissional de Saúde do Samu de São João de Meriti e trabalhador da linha de frente, ele retomou o serviço de enfermeiro emergencista dez quilos a menos.

Mesmo abatido, Max pediu à chefia pra voltar ao trabalho para ajudar pacientes.

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“Assim que atestei que estava curado, insisti com a minha chefe para voltar a trabalhar e já estou atendendo. Tem muita gente morrendo, muitos colegas estão em baixa, há muitos profissionais da Saúde esquecidos… eu não podia ficar parado”, disse Max ao Extra/OGlobo.

Ele falou do alívio que sentiu ao deixar o hospital e, após novo teste, descobrir que estava curado. Max agradeceu aos cuidaram dele.

“Quando eu saí do hospital, percebi que era muito querido. Graças a Deus a receptividade foi muito boa, familiares, colegas de trabalho”, lembrou o enfermeiro, que faz um apelo:

“Pelo amor de Deus, fiquem em casa, cuidem dos seus idosos, pais, mães… obedeçam o que os especialistas falam. Se eles são especialistas, nós não precisamos discutir com eles. As pessoas não estão levando a sério… tanto na Baixada como na capital, tem muita gente andando nas ruas, dando mole… valorizem a vida. E valorizem a enfermagem”.

História

Max, de 43 anos, não fuma, não é diabético ou hipertenso e pratica luta frequentemente.

Ele começou a sentir os primeiros sintomas da Covid-19 no dia 11 de abril: tosse, falta de ar e precisou ser levado ao hospital.

“Eu comecei a sentir os sintomas num domingo e fui para casa. Na segunda-feira, fiz um exame que já detectou que eu estava com 30% do meu pulmão comprometido. Como os sintomas não paravam de piorar e verifiquei no meu aparelho que minha saturação estava baixa, comecei a me preocupar e pedi socorro até a UPA de Belford Roxo, município onde moro. De lá, fui transferido para o Zilda Arns no dia seguinte”, contou.

Medo

Ele lembra que via diariamente o caos instaurado à sua volta.

“Eu estive dos dois lados do combate à Covid e foi muito triste tudo que eu vi. No meu leito, eu ficava em frente à sala de ressuscitação e, como é difícil reverter uma parada cardíaca de um paciente com coronavírus, eu via entre 3, 4 pessoas morrendo por noite. Sentia vontade de levantar e ajudar meus colegas, mas não conseguia sequer levantar a cabeça”, contou Max.

E enquanto via as pessoas morrendo, ele também piorava.

“Foi terrível. Eu quase fui intubado por diversas vezes. Gerava em mim um pânico muita grande, um medo… por ser profissional de saúde, eu via o monitor de saturação baixando e sabia que podia acabar sendo intubado. Eu sabia que se isso acontecesse eu podia não voltar mais”, disse.  

“Dos 20 leitos à minha volta, somente eu e outro paciente não precisamos ser intubados”, revelou.

“Este vírus infelizmente ainda vai causar muito estrago. O cenário é muito preocupante, era um circo dos horrores [no hospital]”.

Onde se infectou

Max Rodney Cindra Braga, deixou o Hospital estadual Zilda Arns, em Volta Redonda, no dia 29 de abril.

Ele não sabe se pegou a doença no trabalho, ou no comércio.

“Na ambulância a gente trabalha com todos os equipamentos de segurança, mas pode acontecer de qualquer jeito. Eu posso ter pego de um paciente, assim como posso ter pego no mercado, por exemplo.

Agora recuperado, ele continua se cuidando.

“Continuo tomando todos os cuidados porque, na China, houve 77 casos de reincidência. Foram poucos, mas existiram”, lembrou.

Gratidão

Quando deixou o hospital de cadeira de rodas segurando uma placa dizendo “eu venci”, o enfermeiro fez questão de agradecer novamente.

“Nós temos que reconhecer a excelência desses profissionais de Saúde no Zilda Arns, essas pessoas precisam ser reconhecidas”.

Max quando teve alta – Foto: divulgação / SES

Com informações do Extra/OGlobo

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