O governo da Rússia anunciou neste fim de semana que vai começar em outubro a vacinação em massa da população contra a Covid-19.
O ministro da Saúde, Mikhail Murashko, disse à agência de notícias Interfax, que o Instituto Gamaleya de Epidemiologia e Microbiologia, em Moscou, concluiu os ensaios clínicos e a documentação está sendo preparada para registrar a vacina.
Assim, segundo ele, será possível começar a campanha daqui a dois meses. Médicos e professores seriam os primeiros a serem vacinados.
Duas vacinas
Em vez de uma a Rússia afirma ter duas vacinas em testes contra a Covid.
Tatiana Golikova, vice-primeira-ministra da Rússia, afirmou que este mês a primeira vacina contra Covid-19 em desenvolvimento no país receberá aprovação regulatória local e um “outro ensaio clínico para 1.600 pessoas será realizado” em seguida.
Ela disse que a primeira produção de doses começa no mês que vem:
“O início da produção está previsto para setembro de 2020”, disse Golikova.
No Brasil
Aqui no Brasil, o governo do Paraná já se adiantou para conseguir a vacina russa.
Uma representante do governo do Estado esteve com o embaixador russo na semana passada para discutir uma possível parceria e ofereceu a estrutura do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) para a produção.
A agência russa Sputnik confirmou que “Até o momento têm sido realizadas conversações a nível diplomático, que poderão resultar na entrada do medicamento no país”.
Em São Paulo, o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou que o governo da Rússia procurou o governo de São Paulo para se associarem na produção da vacina.
“Nós fomos procurados por emissários do governo russo. Porque essa vacina, ela é feita no instituto estatal russo, enfim, eles queriam saber se nós poderemos nos associarmos a ele para a produção dessa vacina”, disse Dimas.
Controvérsias
O Instituto Gamaleya está trabalhando em uma vacina baseada em adenovírus.
No entanto, a velocidade com que a Rússia está desenvolvendo os ensaios clínicos e a falta de transparência para divulgar os resultados geram questionamentos se Moscou está colocando prestígio nacional antes da ciência e da segurança.
A mais rápida desenvolvida até o momento foi a vacina contra a caxumba, que precisou de cerca de quatro anos até ser licenciada e distribuída para a população.