Gente ajudando gente. Uma ex-refugiada da Angola decidiu estender o ato de amor que recebeu quando chegou ao Brasil e acolheu uma família de refugiados da Venezuela.
A angolana Marília Capelo, de 44 anos, veio nos anos 1980 pra cá, com quatro anos de idade, junto com os pais, que fugiam da guerra civil no país africano.
Por aqui, eles conseguiram recomeçar a vida e hoje Marília se propõem a ajudar outras famílias na mesma situação.
Ela acolheu na casa dela, em São Paulo, Jonathan Ramirez, de 32 anos, a mulher dele, Jenifer, de 30 anos e os dois filhos do casal, Nathalia e Diego.
“Acolher essa família é como voltar ao passado para mim. Jonathan e Jenifer começam com J, assim como Joaquim e Jocinda, que eram os nomes dos meus pais. Eles chegaram no Brasil com 30 anos, a mesma idade que Jonathan e Jenifer tem hoje. É como se eu estivesse acolhendo aos meus pais e dizendo ao Brasil ‘muito obrigado, o que você fez por nós agora retribuo a uma outra família que precisa de ajuda’”, disse Marília ao SóNotíciaBoa.
Fome na Venezuela
Jonathan trabalhava em uma petrolífera na Venezuela. Ele não conseguia mais comprar alimentos para a família com o salário que recebia no final do mês – atualmente, o salário mínimo por lá equivale a R$ 20.
Desesperado por ver os dois filhos pequenos com fome, ele migrou para o Brasil em dezembro, em busca de oportunidade.
Na época foi abrigado em um campo para refugiados em Roraima. Depois, já com um lugar seguro para ficar, Jonathan trouxe a mulher e os filhos.
Com a família reunida, surgiu uma outra oportunidade: eles foram interiorizados pela organização humanitária Refúgio343 para São Paulo e lá foram acolhidos pela voluntária Marília Capelo.
Conseguiu emprego
Hoje a família de Jonathan já está 100% reinserida.
Técnico em Hidráulica, ele conseguiu emprego em uma indústria local, em Osasco e aluga uma casa pra morar na capital paulista. A mulher dele é cabeleireira e tem curso técnico em Administração.
Esta foi uma das 278 famílias venezuelanas abraçadas por voluntários do Refúgio 343, que já conseguiram lares para viver no Brasil.
Ajuda
Desde o início da pandemia, que acentua a situação de vulnerabilidade dessas pessoas, 174 famílias já foram retiradas das ruas, ou campos de refugiados em Roraima e interiorizadas para diferentes regiões do país, onde recebem suporte com emprego, saúde e educação.
Mesmo assim, em plena pandemia do novo coronavírus, 40 mil famílias de refugiados venezuelanos continuam em Roraima, nas ruas, em prédios abandonados ou ainda em acampamentos, vítimas da maior crise humanitária da América Latina, que assola hoje a Venezuela.
Veja como ajudar e fazer parte desse trabalho humanitário no site ou no Instagram do Refugio343.
Por Rinaldo de Oliveira, da redação do SóNotíciaBoa