Brasília acordou nesta sexta, 11, com um espetáculo da natureza: uma flor de baobá desabrochou em uma árvore da Asa Norte. Ela é considerada “rara”, ou efêmera, porque dura apenas 24 horas.
A flor virou atração em frente à sede da Embrapa Cenargen. Várias pessoas foram lá pra vê-la.
O professor André Lúcio Bento, especialista em Cultura Afro-brasileira e Africana pela UFG, Universidade Federal de Goiás – e um apaixonado por baobás – fotografou a flor e postou no perfil dele no Instagram para chamar os moradores das redondezas.
“Essa boniteza que mostro para vocês agora é do baobá em frente à Embrapa Cenargen, no fim da Asa Norte. É um privilégio ver a flor de um baobá, pois ela costuma durar apenas 24 horas”.
E ele explicou ao SóNotíciaBoa como é a flor: “A flor do baobá é grande, tem cheiro forte e parece estar de cabeça para baixo. É lenda que ela nasce apenas a cada 50 anos porque, como dura apenas 24 horas, muita gente nem chega a ver. Na verdade a floração do baobá na África, seu ambiente natural, acontece uma vez por ano”, afirmou.
André convidou os moradores da região para irem rápido até o pé de baboá:
“Com sorte, como eu tive hoje às 5h40 da manhã, vocês verão muitas flores nos baobás de Brasília. Se correrem, conseguirão vê-la ainda hoje (a flor está voltada para a guarita da Embrapa, atrás de um galho meio grosso, como vocês podem ver nas fotos)”, orientou.
No post, o professor também ensinou sobre a importância da flor para a natureza:
“A flor dessa árvore magnífica é riquíssima em néctar e é, também, a festa para insetos polinizadores, morcegos e macacos. Esses últimos adoram morar dentro dos troncos dos velhos baobás. Macaco não é bicho bobo mesmo, né?”, brincou.
História
Muita gente conhece os baobás por causa do livro O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry, mas desconhece que a árvore é símbolo da cultura africana.
“Os baobás são símbolo de beleza, energia, vitalidade, religiosidade para os povos tradicionais africanos. Também representam ludicidade e memória, uma vez que são palco para a contação de histórias dos mestres griôs para as crianças e para os adolescentes”, explicou André.
No mês passado, mês da Consciência Negra, André decidiu fazer um levantamento para saber quantos baboás existem no Distrito Federal e ficou surpreso ao descobrir 13 árvores, com a ajuda de outras pessoas que se uniram à iniciativa.
Em 2019 ele já havia plantado duas mudas na EAPE – Escola de Aperfeiçoamento dos Profissionais da Educação – da Secretaria de Educação, na Quadra 907 Sul de Brasília. Depois, soube que existiam dois exemplares na área protegida do Jardim Botânico, no Lago Sul.
“Desde então, me tomei por uma curiosidade para saber da existência de outros. Para minha surpresa de novo, perguntando a uma pessoa aqui, a outra pessoa ali, já contabilizamos 13 baobás em todo o Distrito Federal, alguns novinhos, alguns já grandinhos”, disse o professor de Língua Portuguesa da Secretaria de Educação e Doutor em Linguística pela UnB.
O próximo passo do André foi acrescentar no Wikipédia a existência dos baobás no Distrito Federal, que não registrava nenhuma árvore do tipo na região.
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Por Rinaldo de Oliveira, da redação do SóNotíciaBoa