Após um mês em coma por Covid, médico de 32 volta a atender: “estou vivo”
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O médico brasileiro Cláudio Sérgio Martins Júnior ficou um mês em coma por causa da Covid. Teve 80% do pulmão comprometidos e retirou 45 cm do intestino por complicações da doença.
Agora, recuperado, voltou a atender esta semana na linha de frente. Cláudio tem 32 anos e trabalha em São Vicente, no Litoral Sul de São Paulo.
“Quando eu saí [do coma] e me dei conta do que tinha acontecido, pensei: ‘não acredito que estou vivo'”, contou o médico ao G1.
Ele passou 59 dias internado, 30 deles em coma induzido na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
“Atender é voltar um pedacinho da vida que a doença tentou me roubar”, disse.
Formado há quatro anos, o médico estudou no Paraná e voltou para a Baixada Santista para trabalhar na cidade natal.
No início da pandemia, ele atuava em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) e no Hospital Municipal de São Vicente.
A doença
Depois de meses atuando na linha de frente, ele teve uma febre fraca, que foi piorando, evoluiu para um cansaço forte, comprometimento dos pulmões e o médico precisou ir para o hospital em agosto e ficou internado na Santa Casa da cidade.
Cláudio Sérgio precisou passar por uma traqueostomia e ficou 36 dias entubado, em coma induzido.
A situação causou surpresa por ele ser jovem e não ter doença pré-existente.
“Não imaginava que pudesse ter sido tão grave, até porque eu não tinha acompanhado, próximo a mim, nenhum caso de paciente jovem que chegou a um estado tão crítico”, relembra o médico.
Segunda chance
Cláudio precisou passar por um processo para voltar a andar, falar, se alimentar sozinho e recuperar a autonomia.
A recuperação, prevista para seis meses, aconteceu em 50 dias, e o médico voltou a atender na UBS do município.
Apesar do retorno, ele ainda precisa de fisioterapia e tratamento em casa.
“Eu renasci, não era minha hora, mesmo. O vírus pode entrar em você, dar uma voltinha e ir embora, ou pode entrar e causar um estrago. Por isso, é preciso se conscientizar, a gente já aguentou tanto [a quarentena], podemos aguentar um pouco mais”, afirmou.
O médico disse que a doença mudou a vida dele.
“Não dá para voltar a mesma pessoa. A gente passa a olhar o paciente com olhos mais humanos. Estar no lugar deles é difícil. Eu não queria ter vivido isso, mas eu não posso fazer isso ser em vão. Já que eu vivi, vou aprender alguma coisa com todo esse momento de dificuldade”, concluiu.
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Com informações do G1