A enfermeira obstetra Melissa Martinelli passou por sérios problemas de saúde depois de um acidente de moto que a tornou paraplégica. E estar numa cadeira de rodas não impede a brasileira de trazer ao mundo crianças da forma mais amorosa possível, pelo método de parto humanizado.
Com 20 anos de estrada e especialização em neonatologia, Mel se encontrou ao focar seu trabalho nos partos humanizados. Mais de 1300 bebês já nasceram com a ajuda dela. Em 2019 foram 79 e em 2020, em plena pandemia, 107.
O acidente
No meio dessa história, exatamente em 15 de outubro de 2016, um acidente interrompeu sua carreira. Após ter fraturado a vértebra T12, Mel precisou dedicar um bom tempo para cumprir uma intensa reabilitação no Hospital Sarah Kubitschek e poder voltar a atuar o mais rápido possível.
E foi assim que em apenas três meses ela estava de volta à sua paixão: ajudar mulheres a parir de uma forma humanizada. Em 2 de fevereiro de 2017, Mel voltou a atender como enfermeira principal, a primeira vez após o acidente.
“Amo tanto o que faço que durante todo aquele parto esqueci a cadeira de rodas. Só lembrei depois que o bebê nasceu”, relembra entusiasmada o dia de eu retorno.
Como nos partos a mulher fica livre para escolher a posição que se sente mais confortável, Mel já tinha como costume partejar sentada, então pouco mudou. A diferença é que agora ela precisa ter por perto uma enfermeira, que cumpre a função de ajudar quando ocorre alguma intercorrência que exija agilidade para pegar alguma medicação, por exemplo.
Novo projeto
Melissa está agora à frente do Centro de Parto Humaniza, inaugurado este mês exatamente em frente ao Hospital Anchieta, em Taguatinga, na Capital Federal.
O espaço tem 78 metros quadrados e conta com uma equipe de quatro obstetras humanizados e cinco enfermeiras obstetras que atendem em uma sala de parto projetada para ser um lugar especial.
O espaço trabalha em parceria com o Hospital Anchieta, que agora também conta com uma sala de parto nos moldes da que existe no Humaniza.
Mel conta que seu trabalho é oferecer o melhor ambiente para que um ser humano chegue ao mundo, ou seja, da forma menos traumática e mais amorosa, e é essa a sua missão.
Ela acredita no que diz o obstetra francês Michel Odent: “Para mudar o mundo, precisamos mudar a forma de nascer”.