A Renner está lançando esta semana uma coleção de roupas pensadas e costuradas por mulheres que estão, ou estiveram presas.
São mais de 40 mil peças que estarão disponíveis pelo e-commerce e em mais de 370 lojas em todo o Brasil.
A coleção inclui itens como bolsas, brincos, acessórios de cabelo e nécessaires. Ela começou ser produzida no início do ano passado, mas foi a paralisada devido à pandemia.
“Quando os presídios fecharam, tivemos que parar tudo, mas em nenhum momento a Renner voltou atrás. É essa a hora que a gente vê se a empresa realmente tem responsabilidade social”, diz Roberta Negrini, fundadora da Eu Visto Bem – marca que fabrica roupas e acessórios de moda e que emprega exclusivamente mulheres, quase todas detentas e ex-detentas do estado de São Paulo.
Meio ambiente
Ao todo, 51 detentas e 13 ex-detentas participaram da confecção das peças, desde o desenho inicial, elaboração das formas e estampas, até o arremate.
Todos os itens foram produzidos com tecido de baixo impacto ao meio ambiente e lixo zero, utilizando fio reciclado feito a partir de sobras de algodão e fibras de garrafa pet.
“Temos o compromisso de oferecer aos nossos clientes cada vez mais peças com atributos de sustentabilidade. Esta coleção atende este objetivo e vai além, unindo responsabilidade ambiental e social em um mesmo projeto. São produtos com causa, que nos inspiram e geram impacto positivo para a sociedade e para o planeta”, diz a diretora de Marketing Corporativo da Lojas Renner, Maria Cristina Merçon.
As peças da coleção são inspiradas na estética cottagecore, que trazem estampas e cores em referência ao campo e à natureza.
Todos os itens levam uma tag em papel reciclado para identificar os produtos, com a descrição sobre as boas práticas envolvidas na produção.
Como
As costureiras que produziram a coleção, dentro e fora das penitenciárias, receberam o mesmo salário mensal: pouco mais de um salário mínimo.
Através de workshops e acompanhamentos individuais, as mulheres que são mães são incentivadas a investir parte da renda obtida na educação e alimentação dos filhos, além de se preparar financeiramente para o mundo fora das grades.
“Nossa principal meta é profissionalizar essas mulheres ainda dentro da penitenciária para que elas não voltem a transgredir a lei e estejam amparadas aqui fora. Com o salário que ganham, as detentas conseguem comprar alimentos e produtos de higiene, por exemplo. Algumas até ajudam a pagar faculdade para os filhos”, conta Roberta.
Criada em 2016, a Eu Visto Bem tem hoje oficinas de costura nas penitenciárias femininas do Butantã e Santana, ambas em São Paulo.
A parte administrativa da empresa bairro da Zona Oeste, onde ex-detentas trabalham em regime CLT.
A Eu Visto o Bem já beneficiou cerca de 200 mulheres, contribuindo para a reinserção delas na sociedade.
A empresa também impulsionou a economia circular, reaproveitando 120 quilos de sobras de tecido e contabilizando a reciclagem de 12 mil garrafas PET/mês.
“De todas as mulheres que já passaram pela Eu Visto Bem, sabemos que 87% não voltaram a cometer crimes”, afirma Roberta.
Com informações da Exame