A vacina Covaxin, produzida na Índia pelo laboratório Bharat Biotech, é segura e induziu à produção de anticorpos em mais de 98% das pessoas que participaram dos testes.
É que mostra um estudo clínico de fase 2 da vacina contra a Covid-19 produzida a partir de vírus inativado. Os resultados foram publicados na plataforma médica medRxiv.
A Covaxin foi testada em humanos apenas no país asiático, onde foi aprovada para uso emergencial e está sendo aplicada na população desde o dia 3 de janeiro.
No Brasil, o Ministério da Saúde assinou contrato para compra de 20 milhões de doses no último dia 25 de fevereiro, mas o imunizante ainda não tem aval da Anvisa.
Eficácia
Mesmo com os ensaios clínicos de fase 3 ainda em andamento, a empresa divulgou, no dia 03 de março, resultados preliminares de eficácia da vacina, apontado até 81% de eficácia.
O ensaio de fase 3 é conduzido com cerca de 26 mil participantes distribuídos em 25 centros hospitalares na Índia.
A publicação desta segunda, 8, traz os dados de imunogenicidade (capacidade de gerar resposta imune) e segurança da vacina. Já os resultados completos da última fase são esperados para as próximas semanas, informou a empresa.
Os testes
No ensaio clínico de fase 2 foram avaliados 380 participantes com idades entre 12 e 65 anos divididos em três grupos.
Dois grupos receberam uma das duas dosagens do imunizante e um que recebeu placebo, substância sem efeito no organismo.
Os participantes receberam duas doses de vacina ou placebo via intramuscular em um intervalo de 28 dias.
O objetivo primário do estudo era verificar a presença de anticorpos neutralizantes no sangue dos participantes quatro semanas após a segunda dose.
Resultados
Passados 56 dias após a primeira dose (28 dias após a segunda dose), os participantes que receberam a dosagem maior tiveram mais de 98% de taxa de soroconversão, ou seja, produziram anticorpos que bloqueiam a ação do Sars-CoV-2.
Naqueles participantes que receberam a dosagem mais baixa, a taxa de soroconversão foi de cerca de 93%.
Quando testado o sangue dos participantes em relação ao chamado plasma convalescente, de indivíduos que se contaminaram e se recuperaram da Covid-19, não houve diferença significativa entre a taxa de anticorpos encontrada no plasma convalescente e nos participantes que receberam as duas doses da vacina no estudo.
Além da proteção via anticorpos, também chamada humoral, os pesquisadores avaliaram a proteção dada por resposta imune celular. Após 56 dias, a resposta imune celular, principalmente produzida por células T, foi alta, o que não foi observado para outras vacinas com vírus inativado, geralmente com baixas respostas celulares.
Baixos efeitos colaterais
A vacina também se mostrou segura, o que foi comprovado pela baixa incidência de efeitos adversos: cerca de 3% dos participantes nos dois grupos de dosagem reportaram efeitos colaterais, dos quais a maioria, 70%, foi leve, como dor no local da injeção ou fadiga. Efeitos que passaram em menos de 24 horas.
E mais: após três meses, os voluntários que tomaram a vacina continuaram a apresentar anticorpos no sangue, o que indica uma resposta imune duradoura.
Por Andréa Fassina, da redação do Só Notícia Boa – com informações do Diário do Nordeste