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Aluna com deficiência visual campeã de redação no ENEM vai cursar direito
8 de abril de 2021
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Foto: Jornal Cidade Verde/Piauí
Foto: Jornal Cidade Verde/Piauí

Maria Gabriella Silva Santos, de 18 anos, uma aluna com deficiência visual do Piauí, comemorou a nota 940 – de 1000 – na prova mais disputada do ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio.

Foi uma das melhores notas de todo o país e agora Maria Gabriella vai realizar o sonho de estudar Direito na Universidade Federal.

“Como moro na zona rural e um pouco distante da escola, eu tive que fazer meu próprio cronograma, mas tenho como base os estudos da escola e tudo que aprendi lá”, disse ela num comunicado divulgado pelo governo do Piauí na semana passada.

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A estudante é do povoado Baixio, no município de Pimenteiras, a 252 km de Teresina. Ela nasceu com glaucoma congênito, chegou a ver vultos na infância, mas depois perdeu completamente a visão.

Estudo na pandemia

Maria Gabriella atribui sua nota alta na redação ao plano de estudo individual que desenvolveu durante a pandemia, que impôs ensino remoto a estudantes em várias partes do mundo.

A jovem, que concluiu o ensino médio em 2019, percorria cerca de seis quilômetros para chegar à escola estadual CEEP Antônio Gentil Dantas Sobrinho, no Anexo Tapera.

Um de seus professores, Adonias Pedrosa, descreveu Maria Gabriella como uma “aluna dedicada e muito curiosa”, que “sonha muito alto” e era conhecida por tirar boas notas.

A mãe da estudante, Joana Darc dos Santos Silva, foi a primeira professora da filha. Ela é formada na área de educação e se especializou em Educação Especial.

“Devido às dificuldades que passei quando ela começou a estudar, eu tive que me capacitar e hoje sou formada em Pedagogia e tenho especialização em Educação Especial e ajudo outras pessoas”, explica.

Construção da sala de aula

E entre as dificuldades estava a escola local que não tinha estrutura para alunos especiais. Isso fez com que a família lutasse na justiça para construir o espaço.

Com a demora de implantar a sala na escola, a mãe chegou a acionar o Ministério Público Estadual. Sem resposta imediata, em 2012, Joana Darc fez uma proposta para o colégio de construir a sala de recurso.

O pai e o avô de Maria Gabriella iriam construir o local e a escola daria o material de construção. E assim foi feito. Hoje a sala beneficia todo o povoado.

Coringa e O Alienista

O longa-metragem que narra as origens do vilão dos filmes de ‘Batman’, o Coringa, com reflexões psicológicas e sociais, foi uma ponte que a estudante piauiense trouxe à tona para debater sobre o preconceito as pessoas com problemas mentais.

Maria Gabriella assistiu ao filme na internet com ferramenta de áudio tradução, e teve que contextualizá-lo na redação do Enem. Isso ajudou a tirar 940 pontos na prova mais disputada do País.

Com dificuldade de acessibilidade e poucos livros em braile, ela se prepara para ingressar numa universidade usando a internet. Sua história é de resistência e luta.

Ao escrever a redação, Maria Gabriella, contou que resgatou também a saga de Dr. Simão Bacamarte no conto “O Alienista”, de Machado de Assis, que tratou sobre a loucura.

“Eu usei o livro O Alienista para ressaltar os estereótipos das pessoas com doenças mentais que vêm desde o passado até o presente. E o filme Coringa para mostrar essa cultura enraizada de preconceito que perdura até hoje”.

A estudante e mãe Joana Foto: Governo do Piauí
A estudante e mãe Joana Foto: Governo do Piauí
Sala construída pela família de Maria Gabriella Foto: Cidade Verde
Sala construída pela família de Maria Gabriella Foto: Cidade Verde

Por Andréa Fassina, da redação do Só Notícia Boa – Com informações da Cidade Verde PiauíExtra

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