Imagina o que é para uma nutricionista – profissional da saúde que estuda os efeitos que os alimentos produzem no nosso organismo – ver que muitos brasileiros acordam e vão dormir sem saber se terão o que comer na próxima refeição.
“Sou doutora em nutrição e pesquisadora científica, e visitava todos os dias as casas de famílias carentes para coleta de dados: pesava, media e examinava as crianças. Mas, todos os dias me perguntava ‘o que posso fazer por essas pessoas? Eu convivia com casos de extrema pobreza havia muito tempo, mas tinha uma visão muito científica da coisa, não social. Aquelas famílias eram invisíveis, eram apenas fontes de dados. Até que comecei a enxergá-las além disso”, conta a Dra. Telma Maria.
Quando ela percebeu que o trabalho ali era pontual, que tratar as doenças das crianças não chegava perto de resolver os problemas da comunidade e nem de garantir a saúde daqueles meninos, decidiu Telma fundou há 25 anos o projeto CREN, Centro de Recuperação e Educação Nutricional, em Maceió, Alagoas. O CREN já serviu mais de 1 milhão e 800 mil refeições e atendeu a mais 372 mil pessoas.
“A nutricionista sabia melhor do que ninguém que ela melhoraria a realidade da comunidade, aumentando a qualidade da comida que circulava ali. E isso motivou um trabalho que hoje já impactou mais de 7.5 milhões de pessoas. São números impactantes e, mais do isso, vidas verdadeiramente transformadas”, contam Iara e Eduardo, os Caçadores de Bons Exemplos.
Hoje, 20 milhões de crianças e adolescentes sofrem de desnutrição no Brasil. Sensibilizada com a pobreza e a preocupação das mães, Telma decidiu agir.
“Você não tem ideia de como é árduo, extremamente doloroso para aquelas mães não saberem o que vão dar aos seus filhos ou ter que escolher a quem seria dada a comida. O leite precisava ser diluído, a carne precisava ser muito cortada e às vezes um ovo era dividido entre três ou quatro crianças”, lembra Telma.
Como
A nutricionista começou a usar dados coletados nas pesquisas para embasar a criação do CREN e conseguir a verba para o que seria o começo de um sonho.
Mesmo melhorando a qualidade e aumentando a quantidade de comida que circulava na região, ela percebeu que não bastava ter saúde; a criança precisava ser bem formada.
E, por isso, começaram a investir também em uma estrutura completa com professor, pedagogo, psicólogo, assistente social, nutricionista, médico e toda uma gama de profissionais de apoio.
“Assim ensinamos as crianças a comer melhor e chamamos as mães para fazer oficinas de compra de alimentos, de sabor, de valor nutritivo e de como prepará-los para obter ganho ou perda de peso, não desenvolver hipertensão e diabetes”, afirmou.
Três décadas
E em quase três décadas, o trabalho não para.
“Nosso sonho é fazer um grande projeto para erradicar a desnutrição. Não é possível um país rico como o Brasil ainda abrigar miseráveis. A miséria não é concebível. Ninguém merece viver de forma desumana”, concluiu Telma emocionada.
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Por Rinaldo de Oliveira, da redação do Só Notícia Boa – com Caçadores de Bons Exemplos