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Família guarda quadro de Nossa Senhora trazido há 322 anos da Ucrânia
8 de abril de 2022
- Monique de Carvalho
Família de descendentes ucranianos que mora em Curitiba guarda imagem de santa de 322 anos — Foto: Giuliano Gomes/PR Press
Família de descendentes ucranianos que mora em Curitiba guarda imagem de santa de 322 anos — Foto: Giuliano Gomes/PR Press

Um quadro raro, de Nossa Senhora de Pochaev, está há mais de 300 anos no Brasil. Ele foi escondido em um lenço usado na cabeça de uma imigrante e trazido clandestinamente para o nosso país. Desde então, o quadro passa de geração em geração em uma família de descendentes ucranianos que mora no Paraná.

Fabricada em 1.700, a imagem da santa é pequena, tem aproximadamente um palmo. Ela hoje é guardada por Marta Marina Starepravo Padilha que conta a história com muito orgulho.

“Veio o meu tataravô que já era um senhor de 60 anos, a esposa dele que tinha 55, e os filhos. Não podia ter manifestação religiosa por causa dos conflitos, então ela trouxe essa santa escondidinha no cabelo para conseguir passar na fronteira”, explica Marta.

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“Meu pai é falecido, mas tinha um cuidado, um zelo por essa peça que ficava na cabeceira da cama dele em um relicário. Somos hoje em 14 irmãos e mantemos a tradição do respeito e oração por ela”.

Representação religiosa

Marta conta que a família reza ao redor da santa durante esses mais de 300 anos e acredita que a imagem seja milagrosa.

“Ela é uma representação de uma mãe, uma divindade, então a gente acredita nessa proteção, que ela é mediadora de conflitos, quer ver seus filhos bem e em paz”, explica.

“É uma proteção de gerações que nos faz prostrar pela paz hoje. Claro que os desígnios de Deus são infindáveis, às vezes algumas coisas precisam acontecer, infelizmente, mas que seja o menos traumático possível, que não se delongue”.

Herança

A mãe de Marta ainda é viva e mora na Colônia Marcelino, que reúne descendentes de ucranianos e poloneses, e está localizada em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba.

Ela comentou que a idosa já considerou entregar a imagem da santa para um museu da própria colônia, pois no local há uma igreja com uma réplica da santa.

“Mas, para nós, [a santa] tem um significado muito forte, um simbolismo muito grande […] Imagina quantas histórias, quantas orações, quantos pedidos, quanto clamor, imagina quantas pessoas rezaram para essa Nossa Senhora, e nós também desde que ela veio para o Brasil”.

Milagre

O padre Domingos Miguel Starepravo, parente de Marta, conta que a Nossa Senhora de Pochaev, guardada pela família, é considerada milagrosa uma vez que os ajudou a alcançar algumas graças.

“É uma relíquia. Ao mesmo tempo, todos os quadros, ou melhor, ícones, tornam-se milagrosos pela quantidade de orações, de súplicas, de pedidos, de louvores, de ações de graças que se fazem diante dele. Foram centenas de horas de pessoas que rezaram ali, se ajoelharam, pediram proteção, choraram agradecendo por graças recebidas, enfim, não dá para negar a força da fé, que muda, sim, destinos”.

Marta comenta que ela e os irmãos tentam repassar a cultura do povo ucraniano e o hábito de rezar para os filhos, deixando assim a tradição viva.

“Os irmãos que são casados têm na sua casa seus ícones, então essa questão da religiosidade é cultivada. Os meus filhos, pensa, já é uma outra geração, e rezam em ucraniano e eu procuro passar isso para eles para dar sequência. Eu acredito que a espiritualidade é muito importante, ainda mais nos dias de hoje tão sombrios”, concluiu.

Altar feito pela família para santa - Foto: Giuliano Gomes/PR Press
Altar feito pela família para santa – Foto: Giuliano Gomes/PR Press
Domingos segura a imagem da santa - Foto: Giuliano Gomes/PR Press
Domingos segura a imagem da santa – Foto: Giuliano Gomes/PR Press

Com informações de Pais & Filhos

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