As “Búfalas de Brotas” ficaram nacionalmente conhecidas como vítimas de um dos episódios mais chocantes de abandono animal. Apesar de terem entrado para a história de forma triste, o caso teve um final feliz. Graças à mobilização de ativistas, os animais foram acolhidos por uma ONG e hoje vivem livres de exploração, sendo bem tratados e cuidados.
No mês passado, a 1ª Vara de Justiça de Brotas determinou a doação das búfalas à ONG Amor e Respeito Animal (ARA), que já cuidava dos animais desde novembro, quando o caso de abandono foi descoberto. Na prática, isso significou a perda da guarda das búfalas pelo ex-proprietário da Fazenda Água Sumida em favor dos ativistas que atuam na ONG.
O Só Vaquinha Boa está junto com a ARA nessa grande missão e por isso, foi aberta a vaquinha oficial. Para contribuir e compartilhar a campanha, é só clicar aqui.
Comemoração
A determinação da justiça, que já era um apelo dos defensores dos animais desde o final do ano passado, foi recebida com muita emoção.
“A decisão judicial que concedeu o perdimento das búfalas de Brotas em favor da ONG ARA nos deixou muito felizes, pois foi um marco para a proteção animal a nível Brasil”, conta Alex Parente, presidente da organização. “Foi uma decisão que nós comemoramos muito, muito mesmo, choramos muito de alegria neste dia”.
A conquista foi fruto do engajamento dos ativistas no caso, que pressionaram por medidas urgentes. Muitos deslocaram-se à fazenda, em Brotas, e por lá ficaram meses envolvidos no cuidado dos bichos.
Como conseguiram
O ponto central da pressão foi um abaixo-assinado criado por eles, na plataforma Change.org, em apoio às búfalas. A petição reuniu 120 mil assinaturas e teve seu link mencionado no processo judicial, ajudando a reforçar o apelo dos ativistas.
“A mobilização em torno desse caso foi fundamental para todas as vitórias conquistadas até agora, não apenas as vitórias judiciais, mas também tudo o que está sendo feito por essas búfalas, desde a assistência veterinária, alimentação e também o investimento que a ONG tem feito na estrutura da fazenda para poder manter esses animais em tratamento”, disse Parente.
Santuário
Atualmente, as búfalas permanecem no mesmo espaço, porém, a fazenda foi toda reestruturada para garantir condições de bem-estar a elas. Segundo o presidente da ONG, entre outras melhorias, foram instaladas cercas e feita revisão em máquinas, como tratores.
As búfalas devem continuar no local por aproximadamente três anos, prazo estimado para a recuperação do rebanho. Depois, os ativistas esperam que elas ganhem um santuário, conforme também pediram no abaixo-assinado, ou que algumas delas sejam doadas a outras entidades de proteção aos animais no Brasil, que tenham capacidade e estrutura para isso.
“O nosso compromisso é o de fornecer a elas pelo resto de suas vidas muito amor e respeito, além de toda assistência médico-veterinária e alimentação”, destaca Parente. “Essas búfalas nunca mais passarão um dia de fome durante o resto da vida delas. Nós queremos que todas tenham uma morte natural e por isso nós estamos lutando”, completa o ativista.
O presidente da ONG se diz alegre e orgulhoso com os comentários de quem esteve na fazenda quando o caso veio à tona e que hoje retorna, constatando toda a transformação.
Rotina diária de cuidado e amor
O cuidado dos animais demanda 11 mil litros de água e 10 toneladas de alimento, como feno e farelo de milho, por dia. No total, 1.002 búfalas foram acolhidas, porém, mais de 60 filhotes nasceram desde então e ainda há outros por vir, frutos da inseminação artificial à qual elas eram submetidas pelo ex-proprietário da fazenda – um crime de maus-tratos, diz Parente.
O custo para o cuidado dos bichos pode ultrapassar R$ 5 mil por dia. O ativista explica que não é fácil manter e alimentar um rebanho dessas proporções sem promover a exploração dos animais, coisa que ele afirma que os ativistas não farão “de jeito nenhum”. “A única coisa que a gente vai utilizar das búfalas, que também já está entre as formas de geração de renda, é a comercialização do fertilizante, ou seja, nós vamos recolher os dejetos delas”, brinca.
Como ajudar
Todo o investimento destinado ao tratamento das búfalas foi realizado até agora graças a doações de defensores dos animais. Para acompanhar todo o trabalho dos ativistas e contribuir com o cuidados dos animais, acesse o site oficial neste link.
“O nosso trabalho vem sendo conhecido e reconhecido a nível mundial. Nós estamos à frente do considerado maior resgate de animais não apenas do Brasil, mas do mundo. Nos dá muito orgulho estarmos conseguindo as vitórias judiciais e também administrar, manter e melhorar a cada dia as condições desses animais aqui na fazenda”, comenta Parente.
A ONG ARA nasceu em 2011. Inicialmente, atuava apenas com o acolhimento de cães e gatos. Já em 2015, passou a fazer um trabalho de conscientização sobre a guarda responsável de animais e, no ano seguinte, começou a realizar resgatar animais silvestres e de grande porte, a maioria cavalos abandonados após anos de exploração por seus tutores.
O caso
O abandono das búfalas de Brotas foi descoberto no dia 6 de novembro do ano passado. Entre os animais, havia búfalas leiteiras e seus bezerros, bem como dezenas de cavalos em estado crítico de saúde e abandonados à própria sorte, confinados sem água e sem comida. Também foram encontradas várias valas com centenas de ossadas de animais.
Além da decisão pelo perdimento das búfalas do ex-proprietário da fazenda, a Justiça determinou que o fazendeiro permaneça preso preventivamente até o julgamento. A decisão foi assinada pelo juiz Rodrigo Carlos Alves de Melo, acolhendo pedido do Ministério Público.
A ativista e advogada Antilia Reis, que atua no caso desde o início, destaca que as decisões judiciais foram um grande avanço e espera que elas se mantenham até o “trânsito em julgado”, ou seja, até o fim do processo. Ela esteve na fazenda de novembro a janeiro e aponta que a mobilização dos ativistas e o abaixo-assinado tiveram um peso expressivo para a causa.
“É emocionante ver animais que mal andavam de fraqueza por fome e sede, hoje em dia tendo comida, água e abrigo com respeito como indivíduos”, ressalta a advogada. “Vamos lutar para que os animais tenham dignidade de tratamento e cuidados”, finalizou.
Vaquinha
O Só Vaquinha Boa está junto com a ARA nessa grande missão e por isso, foi aberta a vaquinha oficial. Para contribuir e compartilhar a campanha, é só clicar aqui. Toda doação faz a diferença. Você pode doar pelo PIX para facilitar.
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Informações em parceria com Change.org