Sim, Ney Matogrosso está melhor do que nunca aos 80 anos. Na voz, no palco, no corpo e na sensualidade, que marca sua carreira desde os anos 1970.
Durante o show que fez neste domingo, 15, em Brasília, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, o artista abriu o zíper da camisa, mostrou o peito e levou a plateia ao delírio. Mais que isso: o cantor mostrou o mesmo vigor dançando e cantando um repertório de arrepiar, com sua interpretação única e voz ímpar e afinadíssima.
Ney recebeu com exclusividade a reportagem do Só Notícia Boa no saguão do hotel onde se hospedou, após o show, e contou que “a turnê Bloco Na Rua estava preparada desde antes da pandemia, mas teve que ser cancelada por causa das medidas restritivas sanitárias”. Só que agora o show voltou com tudo, com ingressos esgotados por todos as cidades por onde passa, contou.
O repertório
O show abre sacudindo a plateia com a música Bloco na Rua, de Sérgio Sampaio, que dá nome à turnê. (Eu quero é botar meu bloco na rua, Brincar, botar pra gemer)
Durante o espetáculo, Ney surpreende cantando Como Dois e Dois, música lançada em 1971 por Roberto Carlos, com uma releitura intimista e emocionante.
Ele também samba no palco ao som de Ex-Amor, de Martinho da Vila e faz a plateia sambar junto.
E traz toda energia na versão para O Beco, do Paralamas do Sucesso.
Poema, de Cazuza, não podia faltar e o ar de saudade tomou conta do Centro de Convenções.
Ney também foi aplaudido de pé com a releitura de Sangue Latino, música que o lançou e foi explosão de sucesso nos anos 1970 no Secos & Molhados.
O público cantou junto o clássico Iolanda, de Chico Buarque. Ney relembrou ainda a linda Postal de Amor, que gravou com Fagner na década de 1970 (louca, louca, louca, louca, louca, muito louca).
E quando cantou A Maçã, de Raul Seixas (Se eu te amo e tu me amas E outro vem quando tu chamas Como poderei te condenar) ele encheu o teatro de amor. Que momento lindo!
Crítica em forma de arte
Sem dizer uma palavra sobre política durante o show, Ney deixa claro sua insatisfação com os rumos que o Brasil vem tomando nos últimos anos e expressa isso em canções do show como:
Tem Gente com Fome (Trem sujo da Leopoldina Correndo, correndo, parece dizer Tem gente com fome Tem gente com fome Tem gente com fome) e Pavão Misterioso (eles são muitos mas não podem voar)
Ser humano fantástico
Ney Matogrosso, que foi ameaçado durante a ditadura militar dos anos 1970 por se apresentar quase sem roupas (sem camisa, com tanga e adereços da natureza) nunca se intimidou.
Nem na época do boom da Aids no Brasil, nos anos 1980 em que foi vítima de fake News na revista Amiga. A revista do grupo Bloch afirmou que Ney estava com a doença, num tempo de muito preconceito em que as pessoas isolavam quem tinha Aids.
“Eu processei a revista e ganhei”, contou para a nossa reportagem.
Em 1990 Ney perdeu para a doença o grande amor da vida dele, Cazuza, com quem ficou até os últimos dias, cuidando e dando carinho.
Um homem apaixonado pela natureza
Mas nem todos os percalços dessa vida e o sucesso que o acompanha há praticante 50 anos, mexeram com a índole dele.
Fora dos palcos, ele se mantém um homem apaixonado pela natureza, amável, simples, atencioso, íntegro, simpático e tímido ao mesmo tempo.
Um artista sempre à frente do seu tempo, até hoje ele encanta de crianças e adolescentes até adultos e idosos.
E eu entendi o motivo. Está no amor, no brilho constante no olhar dele, no sorriso e na verdade desse ser humano que orgulha o Brasil pelo seu talento, postura e vitalidade.
Leitor do Só Notícia Boa
Ah, e ele adora o Só Notícia Boa! (o que nos deixa muito felizes e honrados). Imagine que no saguão do hotel, quando chegamos, estava o igualmente gigante da música Geraldo Azevedo e Ney me apresentou a ele dizendo “Ele tem um site que dá só notícia boa!”.
Com toda sua simplicidade e importância, Ney faz a gente se sentir importante também, como ele é.
Obrigado pela acolhida tão generosa, pela atenção e por gostar tanto do Só Notícia Boa, Ney!
Saúde, vida longa e mais sucesso!
Nosso encontro com o gigante da MPB:
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