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Unicamp usa leite materno e cura paciente com Covid
10 de junho de 2022
- Andréa Fassina
. O vírus foi eliminado graças à ingestão, durante uma semana, do leite de doadora imunizada. Foto: Agência Brasil
. O vírus foi eliminado graças à ingestão, durante uma semana, do leite de doadora imunizada. Foto: Agência Brasil

Uma paciente com doença genética rara foi curada da covid com leite materno, num método nada convencional utilizado por pesquisadores da Unicamp, Universidade Estadual de Campinas.

Durante uma semana, a mulher foi orientada a ingerir a cada três horas 30 mililitros de leite materno doado por outra mãe saudável, que já tinha sido vacinada contra o SARS-CoV-2.

Após esse período, o resultado do teste de RT-PCR – que há mais de 120 dias vinha indicando a presença do RNA viral na paciente – finalmente deu negativo. A pesquisa brasileira foi publicada no Pub Med.

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Risco de Morte

Uma das cientistas responsáveis por orientar a utilização de leite humano explica a gravidade do quadro de pessoas com esse tipo de comorbidade.

“Tenho acompanhado essa paciente desde criança e quando ela me contou que estava com covid-19 eu fiquei muito apreensiva. O erro inato da imunidade que ela apresenta deixa seu sistema de defesa todo desregulado”.

“Sua resposta inflamatória é deficitária, há poucas células se mobilizando para o local da inflamação e baixa produção de anticorpos. As características de virulência dos agentes infeciosos podem levar a dois desfechos nesses casos: infecção crônica ou morte,” contou a Dra Maria Marluce Vilela, responsável por idealizar o tratamento inédito.

A força do leite materno

Nos primeiros 15 dias de infecção a paciente apresentou febre, perda de apetite e de peso, tosse e indisposição, mas o pulmão e demais sistemas mantiveram-se inalterados.

Passados dois meses, a equipe da Dra Maria Marluce testou a transfusão de anticorpos produzidos por pessoas que haviam se curado da covid-19. Os sintomas melhoraram, mas o exame PCR continuou dando positivo.

“Nessa mesma época, saíram os resultados de um estudo mostrando que mulheres lactantes imunizadas com a vacina da Pfizer produziam leite com uma quantidade razoável de IgA. Decidimos então fazer a experiência assistencial de reposição de IgA via leite materno,” contou a pediatra – IgA é o principal anticorpo neutralizante de vírus e outros patógenos.

O teste para covid-19 negativou após uma semana com a terapia de leite materno.

Outros dois exames de acompanhamento, feitos com intervalos de dez dias cada, também não detectaram a presença do SARS-CoV-2.

“E ainda seguimos fazendo testes de RT-PCR para SARS-CoV-2. Nossa preocupação é que, com as novas variantes, ela adquira uma infecção assintomática,” finalizou.

Com informações do Diário da Saúde

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