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Tom Holland se afasta das redes sociais e faz apelo pela saúde mental
10 de setembro de 2022
- Monique de Carvalho
O ator Tom Holland declarou que as redes sociais são perigosas para a saúde mental, quando usadas de forma errada - Foto: reprodução
O ator Tom Holland declarou que as redes sociais são perigosas para a saúde mental, quando usadas de forma errada - Foto: reprodução

O ator Tom Holland virou assunto após declarar seu afastamento das redes sociais para cuidar da saúde mental que ficou abalada com críticas duras que vinha recebendo. O astro de Homem-Aranha também deixou um alerta muito importante sobre o uso consciente e controlado das comunidades online.

A decisão de Tom levantou um debate necessário, sobre o quanto as pessoas andam dependentes dos likes (curtidas) e comentários no Facebook, Instagram, TikTok (entre outras) e de olhar a vida alheia. Hoje, o Brasil ocupa o segundo lugar da lista como um dos países que passam o maior tempo nas mídias digitais e, em algum momento, essa dependência pode trazer transtornos emocionais.

E se as redes sociais ajudam a levar informação e desestressar,  elas também estão levando à ansiedade e depressão. Para saber onde mora o limite saudável, a reportagem do Só Notícia Boa – como um canal também digital – levantou com especialistas cinco dicas para o uso positivo das redes. (veja abaixo)

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Artistas que já deram uma pausa nas redes sociais

No caso do ator Tom Holland, ele explicou em um post que o afastamento das redes foi, principalmente, ocasionado pelas críticas excessivas que recebia.

“Vou dar um tempo nas redes sociais para a minha saúde mental, porque acho que o Twitter e o Instagram nos estimulam excessivamente, e me vejo preso em um espiral de notícias quando leio coisas sobre mim online e ultimamente tem me feito muito mal”, publicou o astro.

Para Tom Holland, o afastamento das redes sociais às vezes é necessário para promover uma “desintoxicação digital”. O ator ainda reforçou, em entrevista, a importância do uso consciente destes canais.

E ele não foi o primeiro famoso a se afastar das redes sociais por questões de saúde mental. Whindersson Nunes também ficou um tempo fora das mídias digitais, em 2019, para tratar da depressão.

“Foi a rede que fez tudo com a minha vida, tanto que me deu o que eu tenho hoje, quanto ter me perturbado por muito tempo”, explicou Whindersson em conversa com Marília Gabriela no programa Altas Horas.

Em 2021, foi a cantora Camila Cabello que resolveu dar um tempo das redes, após anunciar o fim do relacionamento com o também cantor Shawn Mendes. Segundo ela, seria preciso uma desintoxicação da internet para manter o bem-estar emocional.

Famosos e anônimos na mesma situação

Longe da fama, o garçom Nil Sampaio, de 41 anos, morador de Brasília, foi outro que abandonou Facebook e Instagram. Ele contou em entrevista ao Só Notícia Boa que deixou o Face há 5 anos e o Instagram há pouco mais de um ano, o que chamou de “um mundo de fantasia”.

“No começo as redes sociais foram muito importantes na minha vida. Eu vim do Maranhão muito novo e perdi o contato com os meus amigos. As redes foram muito importantes nesse sentido, para poder reencontrá-los virtualmente, reaproximar […] E ao mesmo tempo eu descobri também que estava me separando da vida normal, né, da vida real”, contou.

Nil também revelou que estava expondo demais sua vida nas redes e disse que o lado bom de ter desistido do Facebook e Instagram logo apareceu no tempo que sobrou para viver a vida real e cuidar de si mesmo:

“Tenho mais tempo para mim, para a família, para os amigos reais… também comecei a malhar! Eu estava fora de forma, cheguei a pesar 104Kg e fui para 78kg. Comecei a gostar mais de mim, voltar para o mundo real, conversar pessoalmente. Rede social para mim é só ilusão”, afirmou.

Crianças também são afetadas

E não são apenas adultos, os impactos da tecnologia também comprometem, principalmente, na primeira infância, quando interferem no desenvolvimento cognitivo das crianças e até nas habilidades psicomotoras.

A psicóloga Talita Franquini defende que há uma vulnerabilidade que pode ser controlada, principalmente por pessoas que perdem muito tempo nas redes e deixam de fazer coisas necessárias da vida real.

“Podemos dizer que há equilíbrio quando se faz o uso positivo das redes sociais e não há presença de prejuízos que afetam a vida diária. A procrastinação é o comportamento mais comum que encontramos em pessoas que não usam as redes adequadamente. Essas pessoas relatam que deixam de fazer suas tarefas diárias para ficarem no mundo virtual das redes sociais”, explica.

No caso das crianças e jovens, com o passar dos anos, o uso abusivo de tecnologia repercute na tomada de decisão e memória, habilidades refinadas da cognição. Como ainda estão em processo de desenvolvimento do cérebro, indivíduos com idade inferior a 25 anos são considerados mais vulneráveis, lembrou a psicóloga.

“Um bom termômetro é pensar o quanto suas atividades diárias ficam prejudicadas pelo uso das redes sociais. Se pergunte: eu deixo de realizar alguma tarefa ou entrego meu trabalho atrasado? Estou insatisfeito com meu corpo por ele não corresponder com as imagens de corpos que circulam nas redes? É sempre bom fazer essa reflexão”, indica Talita.

De olho no comportamento

Diferentes estudos já ligaram essa dependência das redes sociais à maior incidência de casos de depressão, ansiedade e estresse crônico. Por isso, muitas pessoas, buscam diminuir o tempo que passam conectadas, adotando a estratégia de desligar as notificações.

Por outro lado, isso pode surtir o efeito contrário do esperado, como sinalizam pesquisadores da Penn State University, nos Estados Unidos.

O uso excessivo de tecnologias e redes também reduz o convívio social e aumenta o risco de depressão. Em 2019, um estudo publicado no EClinicalMedicine analisou dados de mais de 10,9 mil adolescentes de 14 anos para avaliar se o uso de redes sociais estava associado a sintomas depressivos.

Os achados revelaram que 26% das meninas que usavam redes por um período de três a cinco horas por dia preenchiam critérios para depressão.

Talita Franquini explica essa resposta da mente como a falta de amadurecimento para lidar com, digamos, os “comportamentos digitais”.

“Não desenvolvemos a habilidade de frustração e a necessidade de lidar com coisas que nos desagradam. Um bom exemplo é quando uma pessoa se torna desafeto de outra e é excluída e bloqueada na rede social virtual”, afirmou a psicóloga.

“Na vida real isso exigiria uma reflexão maior e uma expressão da linguagem mais complexa. Seria preciso pensar em falar de uma forma que não magoasse o outro, procurar palavras para nomear sentimentos desconfortáveis e encarar a pessoa para falar sobre isso. Esse desconforto foi substituído pela possibilidade simplificada de se desconectar da pessoa no mundo virtual”, alertou.

Distúrbios emocionais

Talita explica que distúrbios emocionais são um dos maiores fatores de risco provocados pelo uso excessivo das redes.

“Outro prejuízo muito comum causado pelas redes que focam em imagem é a insatisfação com o próprio corpo a ponto de gerar distúrbios de auto imagem, principalmente nos mais jovens”, disse.

“Ansiedade, sedentarismo, estresse e os quadros depressivos estão entre as principais queixas que podem se amplificar com o uso massivo das redes sociais. O reconhecimento obtido nas redes contribui para a produção de dopamina e ocitocina, que são neurotransmissores que contribuem para a geração da sensação de prazer e satisfação”, continua.

“Em demasia [os neurotransmissores] podem causar dependência. O histrionismo também pode ocorrer como consequência dessa dependência. Nele, a pessoa apresenta comportamentos exagerados para obter a atenção constante das pessoas”, alertou.

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Como usar redes sociais de forma consciente?

Apesar de causarem inúmeros problemas, quando utilizadas de forma descontrolada e errada, as redes sociais também têm um lado positivo.

“O acesso à informação e a busca por ajuda estão entre as principais vantagens que as redes sociais apresentam. Informações, que antes só poderiam ser conseguidas em livros e dicionários ou com pessoas que se encontravam muito distantes, podem ser acessadas com poucos cliques”, explica Talita Franquini.

“Além disso, podemos citar a aproximação e a melhoria nas relações com familiares e amigos que estão distantes, que moram em outro país, por exemplo. Também favorece a inclusão de pessoas e grupos que antes se viam impedidos de se expressarem e viviam à margem. Novas formas de linguagem oferecem novas experiências. Novas possibilidades de encontros, de expressar suas fantasias que eram restritas socialmente”, conclui a psicóloga.

Dicas para uso positivo das redes

Talita também deixou algumas dicas para o uso consciente e positivo das redes sociais. Veja:

1) Não se compare. Você, e apenas você, sabe da sua história, da sua trajetória e de tudo que passou para chegar até aqui. Portanto, se comparar com a vida perfeita que aparece nas redes sociais não seria justo com você mesmo. Seja mais gentil com você.

2) Não ache que tudo é perfeito. A perfeição só existe na ilusão. Estamos sempre agindo como se a grama do vizinho fosse mais verde que a nossa. Tenho uma notícia para você: a grama do vizinho pode apenas estar usando Photoshop! Os programas de edição de imagens podem mostrar as coisas de uma maneira distorcida e isso é potencialmente patológico, pois altera a maneira como nos vemos e como reconhecemos nossos pares. Os parâmetros de comparação se tornaram absurdos e inatingíveis. Você é mais que sua aparência.

3) Preste mais atenção em você. Essa é uma orientação que além de contribuir para sua saúde mental, aumenta sua capacidade de autoconsciência, que é uma das bases da inteligência emocional. O tempo que não está conectado, você pode prestar mais atenção em seus pensamentos e nos sentimentos que são despertados em determinadas situações. Passe esse tempo de “tédio” para se conhecer melhor.

4) Reserve um tempo desconectado e inclua atividades que não utilize aparelhos eletrônicos. Ler um livro, realizar atividade física, passear em um parque, ou simplesmente conversar com as pessoas ao seu redor. Isso vem se perdendo. Resgate suas relações reais!

5) Lembre-se: pessoas reais não são números! A quantidade de cliques e curtidas pode alterar a percepção e a importância que se dá às relações reais. Os algoritmos podem até fazer a função de atender prontamente suas necessidades e te dar a sensação de satisfação, mas eles não são a representação fiel da realidade. Viva sua realidade.

Talita ainda finaliza com um conselho importante.

“Seja protagonista da sua vida. Exercite a reflexão e o pensamento crítico. Não aceite de forma passiva tudo aquilo que chega até você. Assuma um lugar ativo na busca por conteúdos que consome nas redes sociais e nas escolhas que faz. Opte por estímulos positivos que vão te estimular a ser alguém melhor e que contribuam para seu crescimento. Seja você o seu promotor de saúde e de bem-estar”, concluiu.

O uso excessivo das redes sociais podem contribuir para ansiedade e depressão - Foto: Getty Imagens
O uso excessivo das redes sociais podem contribuir para ansiedade e depressão – Foto: Getty Imagens
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