Quando se trata em fazer o bem, o amapaense Mateus Furtado, de 22 anos, não mede esforços. Ele viajou até São Paulo para doar uma parte do fígado e salvar a vida de uma criança de apenas 7 anos.
Derick Pereira é do Maranhão e aguardava na fila de transplante há dois anos. Ele foi diagnosticado com Colestase Crônica, uma condição que leva a interrupção do fluxo da bile do fígado ao duodeno. Como não encontrava um doador compatível e nem um tratamento que restaurasse a saúde do menino, a mãe dele, Taynan Apinage, decidiu que iria para São Paulo em busca de mais oportunidades.
E foi em São Paulo que os destinos de Derick e Mateus se cruzaram. Sensibilizado pela história do menino, o jovem fez todos os exames e não hesitou em ajudá-lo quando descobriu que era um doador compatível. Uma verdadeira lição de amor ao próximo!
Motivação e inspiração
A história de Derick chegou até Mateus pela prima dele, Simone Cruz, que estava na mesma casa de apoio que a família do menino e se comprometeu em ajudá-los.
“Ficamos numa casa de apoio e lá eu conheci várias pessoas e uma delas foi a prima do Mateus, que antes de ir embora pediu pra eu passar pra ela as imagens da divulgação que eu fazia e ela disse que iria fazer campanha no estado dela e iria conseguir um doador”, disse Taynan.
Poucos dias depois, Simone entrou em contato com Taynan dando a notícia boa. Foi quando eles começaram procedimentos documentais para a doação.
Vem de família a bondade
Mateus trabalha como barbeiro no Amapá. Ele conta que, apesar da vida simples, a família sempre foi motivada em fazer o bem para o próximo.
Quando ele soube da história do Derick, não pensou duas vezes e decidiu que iria doar o fígado para salvar a criança.
“Minha família toda é doadora. Meu pai e meus irmão são doadores de sangue, e tenho um irmão que é doador de medula óssea. Quando soube do Derick através da minha prima e que eu tinha o mesmo tipo sanguíneo dele, tive logo o interesse em doar e ajudar ele”, disse o jovem.
Autorização para o transplante
Mesmo com todos os documentos certos e os exames comprovando a compatibilidade entre Mateus e Derick, foi necessário esperar uma autorização judicial para a doação.
A mediação com a Justiça do estado foi feita através da Defensoria Pública do Amapá (DPE-AP), que solicitou o Alvará Judicial, que é obrigatório para cirurgias de doadores que não têm parentesco.
A doação entre vivos é possível para órgãos como rins, que são duplos, parte do fígado, parte dos pulmões e medula óssea. O doador vivo deve possuir maioridade, ser capaz juridicamente e concordar com a doação.
Segundo a Lei nº 9.434/97, que dispõe sobre os processos de transplante de órgãos, a doação é permitida para cônjuge ou parentes consanguíneos até o 4º grau, já no caso de pessoas sem grau de parentesco, é necessário uma autorização judicial, exceto para medula óssea.
Leia mais notícias boas:
- Bebê recebe 1º transplante de intestino de um doador falecido no mundo
- Pai chora ao ouvir coração de filha pela 1ª vez após transplante: VÍDEO
- Homem com doença rara recebe transplante de mãos inédito
O grande dia
Mateus está em São Paulo desde o último dia 15 e se prepara para os últimos exames com Derick. A previsão é que a cirurgia aconteça no início de dezembro.
Para a família, este é um momento único na vida deles.
De acordo com dados deste ano do Ministério da Saúde, cerca de 2 mil pacientes estão na fila de transplante de fígado no Brasil.
Taynan sabe que a vida de Derick será transformada completamente após a cirurgia e disse que Mateus será, de alguma forma, membro da família deles a partir de agora.
Com informações de Portal Alyne Kaiser