A Luciana de Oliveira Santos tem muito o que comemorar! A jovem foi aprovada em primeiro lugar no vestibular do ITA – Instituto de Tecnologia Aeronáutica – considerado o mais concorrido do Brasil.

O resultado foi muito comemorado para a estudante, que é uma das nove mulheres aprovadas neste ano.

“Eu espero que isso incentive cada vez mais mulheres a ingressarem no ITA. Já vi mulheres nesse meio e me ajudou a entender que era possível. Isso é muito importante para o futuro”, disse Luciana.

Não sabia que era a 1ª colocada

Luciana soube da aprovação na semana passada, quando recebeu uma ligação da instituição. A tradição do ITA é que alunos veteranos levem a boa notícia aos novatos. Para a jovem, este foi um momento inesquecível.

“Me ligaram para informar que eu tinha sido aprovada e foi incrível. Um momento de muita emoção. Eu sempre sonhei com essa ligação. Nos momentos mais difíceis, de pouca confiança, eu pensava em receber essa ligação e me motivava muito. Feliz demais desse momento ter chegado”, narrou.

A estudante conta que não segurou a emoção ao descobrir que havia sido aprovada. Ela disse que sempre sonhou em receber a ligação. Mas passar em 1º lugar superou todas as expectativas. Luciana nunca imaginou que estaria no topo do ranking de aprovados.

“Na hora eu não fiquei sabendo que tinha ficado em primeiro. Estava muito feliz com a aprovação e aí um amigo me mandou mensagem parabenizando e me chamou de 01. Não entendi e ele me explicou que a lista já tinha saído. Quando vi meu nome em primeiro não acreditei. Fiquei muito surpresa e emocionada”, disse.

Dedicação e muito estudo

Luciana se prepara para o vestibular do ITA desde o ensino médio. Ela, inclusive, chegou a integrar uma turma preparativa para o vestibular na instituição.

“Eu gostava de exatas e muitos dos alunos dessa área iam para uma turma que preparava para o ITA. Eu acabei indo também, mas mais pelo desafio, já que ainda não tinha certeza do que queria, e acabei pegando gosto. Desde então fiz sempre os vestibulares e dessa vez deu certo”, contou.

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Representatividade feminina

O vestibular do ITA teve, ao todo, 9.364 estudantes inscritos concorrendo a 150 vagas nos seis cursos de engenharia oferecidos pelo instituto. Entre eles, 2.218 eram mulheres, o que corresponde a 23% do total de participantes.

Luciana espera que a aprovação dela em primeiro lugar seja também um incentivo para outras mulheres que desejam cursar engenharia e seguir carreira militar, um meio majoritariamente masculino.

“Sei que tem outras mulheres lá e sei que vou poder contar com elas, assim como outras mulheres que ingressarem no futuro também poderão contar comigo”, disse.

Antes não aceitam mulheres

Ter uma mulher em 1º lugar na lista de aprovados do ITA também é motivo de orgulho para profissionais da instituição.

Para a Sônia Guimarães, doutora em física e primeira professora preta do ITA, a aprovação da jovem pode causar impacto coletivo.

“Me deixou emocionada, uma conquista fantástica, eu nem ousava sonhar. Antes não podia mulheres no ITA e quando passaram a aceitar eu já fiquei feliz, mas eram poucas mulheres”, contou Sônia.

“Ao longo dos anos isso foi aumentando e hoje ver uma mulher em primeiro lugar é fantástico! É representatividade! As mulheres podem, elas são capazes, estão conquistando seu espaço”, falou empolgada.

Para a doutora, o universo da engenharia ainda é muito masculino e ter cada vez mais mulheres ingressando e se formando no ITA, é uma forma de deixar o mercado mais inclusivo e plural.

“Elas ficam ouvindo que isso é coisa de meninos e acabam desistindo, mas olha lá a Luciana no primeiro lugar do ITA! As mulheres conseguem sim e precisam estar lá! Com mais mulheres teremos melhores ideias, tecnologias inclusivas, mais amor, menos tecnicidade e sem pensar só em dinheiro, mas sim em futuro muito melhor. O ITA forma lideres, pessoas para brilhar e para ter um futuro maravilhoso!”, completou Sônia.

A estudante de 20 anos foi aprovada em 1º lugar no ITA. — Foto: Arquivo pessoal

Sônia Guimarães foi a primeira mulher preta professora no ITA — Foto: Simone Gonçalves

Com informações de Primeira Hora