Um médico sírio dá uma lição diária de humanidade e empatia aqui no Brasil. Com a dor de quem viu e tentou ajudar parentes e amigos a escapar da dor da guerra, ele ajuda “irmãos refugiados” que vieram para cá.
O médico otorrinolaringologista Mohamad Al- lahham tem 40 anos, vive há quase 10 em Curitiba, no Paraná, e transformou o que seria uma triste história em superação e apoio. Segundo ele, a determinação vale independentemente da nacionalidade, idade e gênero. Os mais de 3.300 quilômetros de distância entre Brasil e Síria não o afastaram de seu propósito de vida: fazer da medicina um dom para apoiar a quem precisa.
Depois de quase três anos para revalidar seu diploma e conseguir atuar na área, ele anda pelo país para atender aos mais necessitados. “Com a telemedicina, passei a atender a população refugiada, principalmente venezuelanos, à distância. Consegui diagnosticar e prover atendimento médico de forma a facilitar e promover bem-estar à vida dessas pessoas”, ressaltou o médico.
Mohamad Al- lahham se determinou a ajudar aqueles que buscam escapar das atrocidades causadas pelos conflitos armados, da fome, da miséria e dos mais diversos tipos de perseguições. A Síria, por exemplo, vive em guerra interna desde 2011.
Empatia
“Ao ter que sair da Síria e vir para o Brasil, senti o que é comum a muitas pessoas refugiadas, vendo minha história na história de cada uma delas e isso possibilita exercer minha profissão de forma ainda mais empática”, disse o otorrinolaringologista.
No fim de novembro, o médico esteve em Boa Vista (Roraima) para integrar o grupo de profissionais de saúde que fazem atendimentos voltados à clínica geral, otorrinolaringologia e audiometria das crianças, com apoio da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), da ONU Mulheres e da Operação Acolhida.
“Buscamos compartilhar um pouco da nossa história com os pacientes, assim como tentamos orientar as pessoas refugiadas que chegam a Curitiba. Muita gente nos ajudou ao longo destes quase 10 anos no Brasil”, relembrou o médico.
Retribuição
Para retribuir as conquistas, destina parte de seu tempo para atender refugiados no Brasil, de diferentes origens e idades, mas que requerem desta atenção de saúde – ainda mais por um profissional que vivenciou situações similares da delicadeza que é ser refugiado em um novo país.
Como ele já realizava atendimento presencial a inúmeras pessoas refugiadas em Curitiba, com a intensificação da telemedicina em razão da COVID-19, o médico passou a atender no projeto batizado de “I Hear U” (Eu Ouço Você em inglês) em diferentes locais do país.
Com informações da ACNUR/ONU