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DNA de povos de 11 mil anos do Brasil é analisado pela 1ª vez pela USP
5 de janeiro de 2023
- Monique de Carvalho
O 1º laboratório de arqueogenética do Brasil, no Museu de Arqueologia e Etnologia da USP, ai estudar o DNA de povos antigos do Brasil - Foto: reprodução / Jornal da USP
O 1º laboratório de arqueogenética do Brasil, no Museu de Arqueologia e Etnologia da USP, ai estudar o DNA de povos antigos do Brasil - Foto: reprodução / Jornal da USP

O DNA do Brasil. Restos de humanos e de animais, que viveram há 11 mil anos, na região de Lagoa Santa (MG), a 35 km de Belo Horizonte (MG), no Sudeste do país, são cuidadosamente examinados por cientistas da o primeiro laboratório de arqueogenética do país, sob o comando da Universidade de São Paulo (USP).

Os biólogos, arqueólogos e paleontólogos fazem análises a partir do DNA extraído dos ossos dos povos antigos . Só Notícia Boa foi verificar de perto estas pesquisas.

A área de estudo, chamada arqueogenética, ganhou projeção internacional após o pesquisador sueco Svante Pääbo ser agraciado com o prêmio Nobel de Medicina/Fisiologia de 2022 por sua pesquisa sobre o sequenciamento genômico dos neandertais.

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Apoio

O apoio do instituto alemão Max Plankck foi crucial para ajudar na montagem do laboratório paulista.

“Fizemos uma adaptação da estrutura do Max Planck no espaço que tínhamos da USP. É mais apertado, mas conseguimos instalar os equipamentos necessários dentro da nossa realidade”, disse Strauss.

Cuidados  

Com três luvas roxas de látex, vestido com um macacão, usando óculos de proteção e máscara, o biólogo Tiago Ferraz tenta evitar a contaminação de seu próprio DNA em restos de ossos de indivíduos que viveram há 11 mil anos.

Johannes Krause, discípulo de Svante Pääbo, que orientou Ferraz no treinamento sobre as técnicas de arqueogenética que desenvolveu no país europeu.

O local de pesquisas está no Museu de Arqueologia e Etnologia da universidade, o Laaae (Laboratório de Arqueologia e Antropologia Ambiental e Evolutiva), coordenado pelo pesquisador André Strauss, recebeu apoio financeiro da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) no valor de R$ 2 milhões e conta também com apoio do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva, na Alemanha.

Reconstituição

Antes de fazer as análises, os materiais são fotografados e reconstruídos em 3D por meio de um equipamento de tomografia computadorizada. Isso porque a extração do DNA de organismos muito antigos, sem a preservação de tecidos moles, é feita a partir da destruição dos ossos, gerando um pó que é depois passado por diversos procedimentos até conseguir obter o material genético.

Os principais fragmentos utilizados nos estudos de arqueogenética são o osso petroso (que forma parte do osso temporal, incluindo o ouvido interno), dentes e, menos frequentemente, ossos longos e do calcâneo (ossinho do tornozelo).

Expectativas

A expectativa é que os testes comecem no primeiro semestre de 2023, com a chegada dos reagentes necessários para fazer a extração do material genético.

Nos últimos 20 anos, a profusão de laboratórios de biologia molecular permitiu que técnicas mais eficientes e com menor custo fossem popularizadas, provocando uma revolução nos estudos de arqueologia e antropologia a partir de análises de DNA.

Foi assim que os cientistas puderam chegar a grandes descobertas, como a constatação de que os humanos modernos (Homo sapiens) carregam uma porcentagem que varia de 3% a 5% do DNA dos neandertais no nosso próprio material genético.

Outra descoberta foi a de uma espécie humana distinta, o homem de Denisova, unicamente conhecido pela sua sequência genética extraída de um fragmento de dedo encontrado na Sibéria, em 2010.

O Laboratório onde a história dos povos antigos do Brasil será estudada pelo DNA - Foto: reprodução / Jornal da USP
O Laboratório onde a história dos povos antigos do Brasil será estudada pelo DNA – Foto: reprodução / Jornal da USP
Antes, pesquisas assim eram feitas apenas em países mais ricos do Hemisfério Norte - Foto: Reprodução / Jornal da USP
Antes, pesquisas assim eram feitas apenas em países mais ricos do Hemisfério Norte – Foto: Reprodução / Jornal da USP

Com informações do Jornal da USP

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