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Brasil começa ação emergencial para combater hanseníase; transmissível mas tem cura
30 de janeiro de 2023
- Renata Dias
O teste molecular para hanseníase faz parte da ação emergencial para combater a hanseníase no Brasil - Foto: reprodução
O teste molecular para hanseníase faz parte da ação emergencial para combater a hanseníase no Brasil - Foto: reprodução

A partir desta semana o Brasil começa uma ação emergencial para combater a hanseníase, uma doença infecciosa crônica e curável que causa lesões de pele e danos aos nervos.

Conhecida antigamente como lepra, a doença pode ser curada com 6 a 12 meses de terapia e medicamentos. O tratamento precoce evita deficiência, por isso a importância dessa ação.

Serão realizados 150 mil testes rápidos e gratuitos, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), para apoio de diagnóstico da hanseníase. A ideia é reduzir em 55% da taxa de casos novos da doença em menores de 15 anos de idade até 2030.

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“A eliminação da hanseníase no Brasil representará um passo gigante para a eliminação da doença no mundo “, disse a representante da Organização Mundial da Saúde no Brasil, Socorro Gross.

Casos da doença no Brasil

O Brasil possui a maior carga de hanseníase na Região das Américas, com mais de 90% dos casos da registrados na Região e a segunda maior no mundo (ficando abaixo somente da Índia).

Em 2016, foram registrados 25,2 mil casos da patologia, o equivalente a 11,6% do total global de novas ocorrências.

A expectativa é que com a campanha, ocorra redução em 30% do número absoluto de casos novos com grau de incapacidade física 2 (GIF2): quando o paciente apresenta lesões consideradas graves nos olhos, mãos e pés.

Também serão colocadas em prática medidas que visam 100% das manifestações sobre práticas discriminatórias em hanseníase registradas nas Ouvidorias do SUS.

Prioridades

De acordo com o Ministério da Saúde, as unidades serão destinadas às pessoas que tiveram contato próximo e prolongado com casos confirmados da doença e serão de dois tipos: o teste rápido (sorológico) e o teste de biologia molecular (qPCR).

Uma terceira modalidade, de biologia molecular (PCR), também será ofertada pelo SUS e auxiliará a detecção da resistência a antimicrobianos.

As três tecnologias foram incluídas no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da doença em julho de 2022.

O que é hanseníase

É uma doença infecciosa, que tem cura, e a detecção precoce combinada com tratamento oferecido em tempo oportuno reduzem consideravelmente as chances de a pessoa ter alguma deficiência.

Ela é causada pela bactéria Mycobacterium leprae, também conhecida como bacilo de Hansen (em homenagem à Gerhard Hansen, o médico e bacteriologista norueguês, descobridor da doença, em 1873).

O bacilo se reproduz muito lentamente e o período médio de incubação e aparecimento dos sinais e sintomas da doença é de aproximadamente cinco anos.

Os sintomas iniciais são manchas ou nódulos claros ou escuros na pele, resultando em lesões na pele e perda de sensibilidade na área afetada. Outros sintomas incluem fraqueza muscular e sensação de formigamento nas mãos e nos pés.

A doença afeta principalmente a pele, os nervos, a mucosa do trato respiratório superior e os olhos. A hanseníase não é altamente infecciosa, mas é transmitida por meio do contato próximo e frequente com pessoas infectadas não tratadas.

Pessoas afetadas pela doença são frequentemente discriminadas e estigmatizadas.

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Brasil é referência

A representante da Organização Mundial da Saúde (OMS) e Organização Pan-Americana (OPAS) no Brasil, Socorro Gross, disse que o Brasil é referência para a Região das Américas e para o mundo pelas capacidades técnicas, recursos humanos, estratégias de enfrentamento, posicionamento político e solidariedade em compartilhar conhecimentos.

“O país tem avançado muito nessa luta e mostrado seu potencial inovador tanto nas estratégias de controle da doença e de combate ao estigma e ações discriminatórias, quanto no desenvolvimento de novos testes.

O líder interino no Programa Global de Hanseníase da OMS, Venkata Ranganadha Rao Pemmaraju, reconheceu os esforços do Brasil, não só no enfrentamento a doença, mas também no compartilhamento do conhecimento.

“Uma forma é o tratamento a partir dos tipos de hanseníase, outra é a mudança de paradigma no controle e na prevenção usando o mesmo tratamento para todos os contextos, e o terceiro é incluir as pessoas afetadas no do Programa Global de Hanseníase, algo que o Brasil foi pioneiro”, destacou.

No mundo, 210 mil novos casos são registrados por ano, dos quais 15 mil são de crianças. A hanseníase é encontrada em 127 países, de acordo com dados de 2018, sendo que 80% dos casos na Índia, Brasil e Indonésia.

Há registros da doença 24 países das Américas, alguns com mais de 100 casos por ano: Argentina, Colômbia, Cuba, México, Paraguai, República Dominicana e Venezuela.

O teste brasileiro permite a detecção da hanseníase mesmo com poucos bacilos - Foto: macrovector / Freepik
O teste brasileiro permite a detecção da hanseníase mesmo com poucos bacilos – Foto: macrovector / Freepik

Com informações da OPAS

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