Após muitas batalhas, a palestrante e consultora Gabriela Pereira está comemorando uma vitória e tanto! Essa mãe criou uma petição online e, com a ajuda de centenas de pessoas, ela conseguiu o direito a um professor auxiliar para o filho dela, que é autista e outras deficiências.
Beny possui Síndrome de Down, autismo e surdez. Aos 7 anos, está no 2º ano do Ensino Fundamental. Após processo judicial e o abaixo-assinado online, a criança recebeu o apoio de um professor auxiliar nas aulas. Algumas questões burocráticas ainda estão sendo resolvidas para que, em breve, o educador, que ainda é eventual, seja contratado de forma fixa.
“Hoje em dia com a tecnologia, rede social, não dá para a gente se sentir mais tão sozinha. É buscar ajuda nas redes sociais, que sempre vão ter pessoas ali que vão querer te ajudar, te dar a mão, seja de perto ou de longe”, disse a mãe ao Só Notícia Boa.
Batalhas
Gabriela conta que desde o primeiro ano de vida do filho Benyamin Luiz, ela descobriu que precisaria lutar para que ele pudesse crescer e ter acesso a todas as coisas que qualquer criança deve ter por direito, como saúde, educação e lazer.
Lá em 2016, muito antes de sonhar com a ideia de um instituto social, Gabriela se deparou com uma das primeiras grandes batalhas como mãe. O filho havia nascido com um orifício entre os dois ventrículos do coração e precisava de uma cirurgia para sobreviver.
Foi ali que Gabriela conheceu o poder da união de forças: coletou 256 mil assinaturas em uma petição na internet e conseguiu pressionar o Hospital Dante Pazzanese, em São Paulo, a liberar o procedimento cirúrgico que salvou a vida de Beny, então com 1 ano.
A luta é maior
Desde a primeira petição, a palestrante nunca mais parou de lutar pelas causas em que acredita a fim de transformar realidades para melhor.
“Eu luto pela pauta, principalmente, das famílias atípicas e a maternidade da mulher negra e atípica. Mas falo muito também sobre as pautas de minorias sociais como um todo porque elas me atravessam e atravessam a minha família”, disse.
Em todas as batalhas, Gabriela sempre conta com o apoio do ativismo online. Ela recorre a petições na internet para criar mobilizações e unir forças para superar, especialmente, obstáculos relacionados a descumprimentos de direitos ou ausência de políticas públicas.
Dos sete abaixo-assinados que já abriu na plataforma Change.org, a palestrante conquistou vitória em quatro. Além do primeiro sobre a cirurgia cardíaca de seu filho, dois foram relacionados a campanhas que pediam home care (cuidados de saúde em casa) para outras crianças com síndrome rara.
O quarto, que reivindicava por um professor auxiliar e terapias especializadas para o filho, obteve vitória no último mês. Porém, a luta continua. A petição engajou 20.406 apoiadores. Confira a mobilização vitoriosa neste link.
“Eu acho que essa forma de mobilização é muito importante. São formas que a gente tem de luta, a gente judicializa, pode colocar nas redes sociais, e o abaixo-assinado, não só o online, mas mesmo por escrito, sempre foi uma forma de as pessoas se unirem e mostrarem uma luta coletiva”, comentou Gabriela, que também já assinou cerca de 80 petições na internet.
Para a palestrante, as petições são também uma forma de encontrar pessoas de diversos locais que têm a mesma visão de mundo.
“Se a gente tem mais de 20 mil pessoas que assinaram, isso mostra que são mais de 20 mil pessoas que têm um olhar mais humanizado, principalmente para as pessoas que estão mais à margem da sociedade”, comenta Gabriela.
Luta e persistência
Em meio a inúmeras batalhas, Gabriela acumula histórias de superação, conquistas e muita persistência. Mulher, preta e nortista, ela transformou-se em uma forte ativista dos direitos humanos após o nascimento de Beny, que veio ao mundo com múltiplas deficiências. Sete anos depois, está prestes a formalizar um instituto para apoiar famílias atípicas no Brasil.
“Eu luto para que as minorias sociais consigam viver com mais igualdade de direito, equidade. Hoje, eu tenho um projeto social que a gente está trabalhando para tornar instituto, e a gente pretende que ele perpasse a cidade de Sorocaba, para a capital de São Paulo, também para outros municípios, outras cidades e quem sabe um dia até fora do país. Esse é o nosso sonho, a gente sonha grande”, contou a palestrante, que mora no interior de São Paulo.
O projeto, chamado Amapara.in, pretende ser um instituto que acolhe famílias atípicas como um todo, a mãe, o pai, os avós e os irmãos da pessoa com deficiência. A frase que permeia os objetivos do projeto é: “Quem cuida de quem está cuidando?”, já que muitos cuidadores necessitam de suporte social, psicológico, jurídico e também de empoderamento.
Beny guerreiro
Desde que Beny tinha apenas 2 anos e meio, Gabriela lutava para que ele conquistasse o direito de realizar terapias especializadas, fundamentais para o desenvolvimento da criança com deficiência: a hidroterapia, equoterapia e a terapia ocupacional com integração sensorial.
No mês passado veio a boa notícia: saiu a decisão judicial pela liberação das terapias. Entretanto, apesar de já ter até passado em avaliação, Beny ainda não pôde iniciar as sessões porque o Governo do Estado atrasou o depósito da verba. Por isso, a luta continua.
“Enquanto a verba não é depositada, a gente não consegue dar andamento nessas terapias. O processo funciona assim: é esperar, pressionar o governo, cobrar de forma judicial e colocando a boca no trombone, nas redes sociais, como a gente faz, e vamos que vamos!”, comenta Gabriela. A primeira sessão de terapia deveria ter acontecido no dia 30 de janeiro.
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Persistência
Mesmo diante de alguns reveses, a palestrante segue firme nas batalhas e ainda incentiva outras pessoas a fazerem o mesmo. “Eu digo para uma pessoa que se está com medo, vai com medo mesmo, se está triste vai triste mesmo, se está desesperada, sem fé, vai sem fé e sem esperança mesmo que no fim vai dar certo!”, aconselha a mãe do Beny.
Gabriela lembra que, no meio do caminho da luta, acaba encontrando muita gente que tem um olhar mais solidário e empatia pelo outro. “Hoje em dia com a tecnologia, rede social, não dá para a gente se sentir mais tão sozinha. É buscar ajuda nas redes sociais, que sempre vão ter pessoas ali que vão querer te ajudar, te dar a mão, seja de perto ou de longe”.
E é nesta persistência que agora, além de lutar pelo bem-estar de seu filho, Gabriela persegue o sonho de apoiar outras famílias atípicas a partir das ações de seu futuro instituto.
“Também vamos fazer com que essas famílias possam ter algum curso para empreender, incentivar o empreendedorismo porque a gente sabe que a grande maioria das famílias atípicas não pode voltar ao mercado de trabalho formal”, explica a palestrante, ativista e consultora. “A gente tem esse olhar e essa responsabilidade social de trazer uma melhoria na qualidade de vida para além de só fortalecer o assistencialismo”, finaliza a mãe do Beny.
Para fortalecer ações de Gabriela e Beny, siga o perfil @familia_atipica no Instagram.
Em parceria com Change.org